APP denuncia fechamento de escolas na Assembleia Legislativa do Paraná APP-Sindicato

APP denuncia fechamento de escolas na Assembleia Legislativa do Paraná


Foto: Aline D'avila de Lima

Na tarde desta quarta-feira, dia 06 de dezembro, dirigentes da APP-Sindicato, educadores(as) de diversos Núcleos Sindicais e estudantes acompanharam a reunião da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Paraná. O deputado estadual Professor Lemos solicitou à Comissão espaço para debater a ameaça de fechamento de turmas, turnos e escolas no Paraná.

O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, destaca que a não autorização para a abertura de turmas nas escolas afeta a comunidade escolar como um todo e que isso não pode ser feito sem debate. “Viemos até a Comissão de Educação para denunciar e pedir ajuda, considerando que é um espaço importante de debate e interferência na educação do Estado. Além disso, estamos procurando o Ministério Público e todos os lugares possíveis para defender as escolas”, defende Hermes.

A postura do governo de fechar turmas e turnos gera insegurança na organização para o próximo ano letivo, como explica a secretária de Finanças da APP, Walkíria Mazeto. “Todo fim de ano, neste governo, as escolas estão passando pela insegurança de fechamento de turmas e a comunidade fica sem saber se vai conseguir matricular o seu filho na escola mais próxima. A Seed faz essas definições sem dialogar com a comunidade escolar ou com a equipe da escola. A tônica é sempre a mesma: a redução de recursos da educação sem se preocupar com as consequências que isso traz”, critica a secretária.

Diversos(as) educadores(as) deram seus depoimentos durante a reunião da Comissão para exemplificar a realidade das escolas urbanas e de campo. A diretora da Escola Estadual do Campo José de Anchieta, Mara Regina Belloni Duarte, relatou que a escola tem uma importância imensa para a comunidade e que o fechamento de turmas pode fechar a escola como um todo no futuro. “Para o ano de 2017, a Seed não autorizou o funcionamento do 6º ano e, consequentemente, não há abertura de 7º ano para 2018. Nós estamos apreensivos com a redução do número de alunos e a possibilidade de acabar fechando a escola do campo”, desabafa a educadora do município de São João – PR.

Mara ressalta que a realidade da escola deve ser levada em consideração. “A escola do campo tem projeto político pedagógico, proposta curricular, plano de trabalho dos professores adaptados à realidade do campo. Precisamos manter nossas crianças e jovens no campo, principalmente no nosso município que é essencialmente agrícola. Se esse aluno acabar saindo da escola e ir estudar na cidade, ficará muito tempo no transporte e o rendimento em sala de aula não será o mesmo”, destaca.

A pedagoga Ivania Piva Mazur, do Colégio Estadual do Campo Carlos Gomes, relata que a realidade na escola de Itaperaja D’Oeste também será afetada se as turmas não forem mantidas. “Nosso município também é essencialmente agrícola, com fonte principal sendo a agropecuária. 33% da população está no campo. Ao longo da história do município havia 44 escolas do campo, mas hoje somente a nossa está em funcionamento graças à resistência da comunidade.  Do total de estudantes da educação básica do município, praticamente 50% são do campo, mas só 5% são direcionados para as escolas do campo”, conta.

Educadoras relatam fechamento de turmas em escolas paranaenses. Foto: Aline D’avila de Lima

A educadora defende  que o fechamento de escolas não pode ser pautado em justificativas financeiras, já que o impacto não pode ser medido economicamente. “Diversos estudos científicos indicam que há impactos sociais e culturais negativos para as regiões, comunidades e municípios que têm suas escolas fechadas. Quando se trata de fechamento de escola do campo, não se pode apenas justificar de maneira econômica e financeira, que é o que o poder público faz. E isso não pode ser feito justamente por não ser possível traduzir esses impactos sociais e culturais em números. É preciso ter um outro olhar para a escola”, contextualiza  Ivania.

A Comissão de Educação aprovou que fará a mediação de uma reunião entre a APP, o governo do Estado, o Ministério Público (MP) e a Secretaria de Educação (Seed) para solucionar o problema. “Nós pedimos a todas as direções de escola e equipes pedagógicas que estão passando por situações assim que encaminhem as informações com urgência para a APP-Sindicato. Precisamos das informações das escolas que precisam de ajuda para anexar ao dossiê que a APP está responsável por preparar para o início da próxima semana”, orienta Walkíria. Os documentos devem ser encaminhados para o email [email protected]. Em caso de dúvidas, é possível entrar em contato com a APP pelo telefone (41) 3026-9843.

Além disso, foi deliberado que os deputados membros da Comissão de Educação presentes na reunião – Professor Lemos, Márcio Pacheco e Hussein Bakri – farão um requerimento pedindo apoio aos(às) demais deputados(as) da Alep.

Para evitar o fechamento das turmas, Walkíria orienta que as escolas façam debates com a sociedade. “Mobilizem a comunidade escolar, façam reunião com pais, mães e futuros estudantes. Busquem as lideranças regionais ou procurem os deputados da sua região para que possamos fazer a luta e garantir que as escolas continuem abertas”, finaliza.

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