APP denuncia ao Conselho Estadual da Mulher a condição desgastante das educadoras da rede estadual APP-Sindicato

APP denuncia ao Conselho Estadual da Mulher a condição desgastante das educadoras da rede estadual

Problemas como baixos salários e uso intensivo de plataformas nas salas de aula causam o adoecimento dos(as) profissionais da educação 

Foto: Luiz Damasceno / APP-Sindicato

A APP denunciou ao Conselho Estadual da Mulher a condição das educadoras da rede pública estadual, que trabalham pressionadas pelos baixos salários e pela imposição abusiva de metas e cobrança permanente sobre o uso de plataformas nas escolas.

As integrantes do Conselho receberam um texto com a análise da APP sobre os problemas das educadores, categoria predominantemente feminina – dos(as) 65 mil sindicalizados(as) à APP, 86% são mulheres.

>>>> Leia aqui a íntegra do artigo encaminhado pela APP ao Conselho Estadual da Mulher

A APP tem duas de suas dirigentes integrando o Conselho Estadual da Mulher: Margleyse Adriana dos Santos, secretária executiva Educacional, e Marcia Aparecida de Oliveira Neves, secretária de Assuntos Municipais.

“Quaisquer políticas educacionais implementadas pelos governos precisam levar em conta esta realidade, o que nem sempre é respeitado. Ao contrário, governos tendem a desconsiderar esta realidade e tratam as(os) professoras(es) e funcionárias(os) de escola dentro de um quadro generalista e homogeneizante que tem como referência sempre o masculino”, afirma o artigo entregue aos conselheiros(as).

O enfoque machista invisibiliza as questões de gênero e dificulta o acesso das mulheres a melhores condições de trabalho, saúde e valorização da carreira.

A discriminação fica evidente quando constatamos que professoras(es) e funcionárias(os) de escola têm os menores salários do serviço público. Um(a) funcionária(o) Agente II (auxiliar de serviço gerais) concursada(o), por exemplo, recebe R$ 1.067,00, bem abaixo do salário mínimo nacional de R$ 1.320. 

Plataformização

O documento entregue ao Conselho aponta os problemas causados pela plataformização da educação. “É necessário lembrar que continua em curso um programa de mercantilização da educação pública no Brasil, guiado pelas reformas educacionais que possuem viés neoliberal”, aponta o texto.

“Essa mercantilização vai dos conteúdos que são disponibilizados e os interesses que defendem, passa pela metodologia que é imposta aos(às) professores(as) e estudantes e chega ao uso dos dados disponibilizados para grandes empresas de Big Data”, registra.

As atuações das Big-Data e das grandes empresas do ramo, como Google e Meta, descaracterizam a educação como um bem público, observa a APP.

A imposição do uso de plataformas se deve a uma abordagem gerencial da educação. “A utilização ou não da plataforma tem sido usada como indicador de eficiência e produtividade, em uma concepção de avaliação meritocrática para concessão de gratificação ou punição para as(os) que não utilizam como determinado pela Seed”, diz o texto.

Sem autonomia

A plataformização também desrespeita a autonomia do trabalho docente e pedagógico, avalia a APP. “Com essa política, cada vez mais professoras assumem a função de monitoras(es) e tutoras(es), tomadas apenas como suporte para mediação entre a tecnologia e o(a) estudante. As escolas tendem a se tornar centros de certificação”.

O trabalho plataformizado aprofunda a desigualdade de gênero, pois ao exigir acompanhamento em tempo integral afeta muito mais as mulheres, que estão expostas a jornadas de trabalho duplas ou triplas. 

A condição desgastante das(os) educadoras(es) tem como resultado adoecimento e desalento. Sem perspectivas em sua atividade pedagógica, eles sentem esvaziadas(os) e burocratizadas(os). 

A conclusão do artigo é que o Conselho Estadual da Mulher, como órgão de Estado, deve reivindicar ao governo estadual mudanças nas políticas educacionais e de trabalho que afetam de forma muito mais intensa as mulheres.

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