Uma categoria que não foge a luta e usa a história para buscar um futuro melhor para a educação pública do Paraná. A Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, esteve hoje (29) repleta de educadores(as) para a realização da assembleia da APP-Sindicato. O dia escolhido marca os exatos quatro meses do brutal massacre do Centro Cívico, quando milhares de educadores foram fisicamente agredidos por bombas, balas e cassetetes.
A educação pública do Paraná ficou manchada de sangue pela segunda vez. Não é o atual governador que usou da violência física e covarde para conter os(as) que manifestavam por melhores condições de trabalho e aprendizado; em 30 de agosto 1988 o governador Álvaro Dias foi o primeiro a colocar a cavalaria e tropa de choque sobre o uma manifestação pacífica. Por isso hoje, os educadores e educadoras vieram para rua, para relembrar que sempre que houver sangue haverá resistência, em proporções muitos maiores. “Para nós, este é um momento de muita reflexão. Há 27 anos fazemos a memória do 30 de agosto, mas jamais imaginávamos que a história se repetisse de forma tão mais violenta como foi em 88”, narra a diretora estadual da APP, professora Marlei Fernandes.
Neste sábado, a resistência acontece também nas escolas, grande parte da categoria está em atividade letiva nas escolas, por conta da reposição de aulas do período da greve. “Mesmo neste período de reposições, o 30 de agosto e o 29 de abril não serão esquecidos. Na nossa categoria, humilhação se transforma em sentimento de luta, na vontade de cada vez mais por um mundo melhor”, defende a professora Marlei.
Definições da assembleia estadual dos(as) educadores(as) – Um pequeno tablado serviu de palco para muitas vozes, os(as) representantes de todas as regiões do Paraná fizeram suas falas em defesa da democracia, do direito à manifestação e da atuação do Sindicato e também fizeram suas denúncias: as escolas em situações precárias, as condições de trabalho inadequadas, o desrespeito e perseguições dos(as) que se colocam contrários(as) aos mandos do governador Beto Richa e as tentativas de desmoralização das reivindicações da categoria foram expostos em praça pública.
O andamento da pauta da categoria, tratado na última reunião com a Seed foi explicado à categoria (clique aqui para ler o detalhado sobre cada assunto). “Temos feito um esforço político, inclusive com estudos econômicos que embasem as nossas reivindicações”, explica o presidente da APP, professor Hermes Silva Leão ao comentar sobre os programas de formação, o porte de escola, a situação dos aposentados(as), a questões de saúde e prevenção laboral e sobre os direitos de carreira da categoria.
Os(as) dois mil educadores(as) presentes votaram e aprovaram por unanimidade a Jornada de Lutas: mobilização contra o Projeto de Lei que altera a eleição de diretores nas escolas, com presença permanente da Alep, com o rodízio de Núcleos, para o acompanhamento da votação do projeto; visitas aos deputados e deputadas pedindo que rejeitem o PL. No dia 14 de setembro, haverá uma reunião na sede da APP, pela manhã, e, à tarde, a realização audiência pública sobre o tema; paralização no dia da votação, caso haja a sinalização de rejeição. Continuam, em todo Estado, as “recepções” ao governador e atos durante as visitas dos deputados e deputadas inimigos(as) da educação; prosseguem as atividades durante todos os dia 29. Também por unanimidade, foi aprovado o calendário preparatório e o regulamento do XII Congresso Estadual da APP-Sindicato, que será realizado em janeiro de 2016.
Ao final da assembleia, os(as) trabalhadores(as) seguiram em até a Praça 19 de Dezembro. À frente da marcha, seguiram dirigentes estaduais das gestões da APP-Sindicato de 1988 e 2015. Os guerreiros e guerrreiras representam toda uma categoria e luta contra a violência de hoje de 27 anos atrás.