Professores(as) aposentados(as) estão revoltados com Ratinho Junior. O governador editou o Decreto 3808/2020 que obriga os(as) servidores(as) a fazer um recadastramento burocrático para manter o desconto da mensalidade sindical na folha de pagamento. Um grupo de aposentados(as) que foi à Paranaprevidência realizar o procedimento da tarde desta quarta-feira (5) ficou indignado com a falta de respeito, demora e desinformação.
Com 76 anos de idade, a professora Domair Siqueira Cardoso disse que estava cansada de esperar. Ela conta que já aguardava há mais de duas horas para ser atendida e que ainda precisou enfrentar uma fila grande para receber a senha.
No caso dos(as) aposentados(as), é preciso ir até a repartição pública para cadastrar uma senha, voltar para casa para acessar a internet e imprimir um relatório e, novamente, ir à Paranaprevidência para concluir o processo, isso depois de passar por mais dois setores.
“Tinha uma pessoa com labirintite que não estava aguentando nem ficar em pé. É uma falta de consideração, falta de humanidade, um desrespeito muito grande, porque aqui só tem pessoas idosas”, reclamou a professora. Para ela, a administração estadual deveria respeitar a autorização que já foi feita pelos(as) sindicalizados(as).
“Eu já dei a autorização para pagar o sindicato. Por que eu tenho que fazer isso outra vez?”, criticou a professora aposentada, Maria Inês Braschi. Ela tem 69 anos e ficou indignada com a situação imposta pelo governador. “Quem não quer ser do sindicato é que tem que vir aqui. Eu ainda ando, mas e quem não pode andar, quem está acamado? Eu achei isso um abuso”, completou.
Já no caso da professora aposentada, Afonsina Mattoso Compagnoni, de 58 anos, o caso é ainda mais grave. Além da demora para ser atendida, ela não conseguiu concluir a revalidação.
Houve um erro na hora de fazer o procedimento online e o sistema não permite a correção. Depois de horas indo e vindo em seis setores diferentes, ela relata ter sido informada que sua sindicalização será cancelada pelo governo, contra a sua vontade. Só no próximo mês que poderá tentar refazer a revalidação.
“Desde que que comecei a dar aula eu sou sindicalizada. Não tem porquê fazer toda essa confusão. Eles (o governo) não têm noção do que é correr atrás de documento. Pra que fazer isso se já estava tudo organizado? Não tem necessidade de fazer tudo de novo,” reclamou.
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A secretária de Organização da APP-Sindicato, professora Tereza Lemos, foi até a Paranaprevidência e confirmou as denúncias dos(as) professores(as). “É um absurdo o que esse governo vem fazendo com os professores, com os aposentados e todos os servidores públicos do estado. É uma situação humilhante isso que está acontecendo”, criticou.
Tereza explica que a APP-Sindicato e outras organizações que representam o funcionalismo exigem a revogação do decreto. O ato do governador Ratinho Junior é considerado uma prática antissindical e estaria relacionado com um plano para enfraquecer as entidades e retirar mais direitos dos(as) servidores(as).
O Ministério Público do Trabalho (MPT) propôs a prorrogação do prazo dado pelo governo para a revalidação. A gestão Ratinho Junior recusou e mantém, até o momento, o dia 10 de fevereiro.
Além do ataque às entidades de classe, os(as) servidores(as) também terão prejuízos. Quem não conseguir fazer o recadastramento poderá ter cancelado serviços oferecidos pelos sindicatos e associações, como plano de saúde, representação jurídica, convênios, acesso a espaço de lazer, entre outros.
Na manhã de sexta-feira (7), um protesto será realizado em frente ao MPT para chamar a atenção da sociedade.
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