Após três anos de queda, número de inscritos no Enem volta a crescer APP-Sindicato

Após três anos de queda, número de inscritos no Enem volta a crescer

Nesse ano, foram registradas 4.673.333 pré-inscrições para o Enem 2023, número divulgado antes do fim do prazo de pagamento da taxa de inscrição

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) registrou, preliminarmente, 4.673.333 inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023: um aumento de 8,2% em relação a 2022, quando foram registrados 4.318.324 de inscritos.

O resultado é fruto de um esforço coletivo de retomada da credibilidade do exame, que em 2021 chegou a registrar o menor número de inscritos desde 2005, envolvendo governo federal e entidades estudantis e sindicais, a exemplo da campanha “O Enem abre portas, bora pra dentro”, que contou com o engajamento da CNTE.

Os dados, no entanto, são preliminares, pois se referem às pré-inscrições. A confirmação se dá apenas após o pagamento da inscrição e os números finais ainda serão divulgados.

Segundo Marlei Fernandes de Carvalho, secretária de assuntos jurídicos da APP-Sindicato e vice-presidente da CNTE, a boa notícia é resultado também do atual cenário político que o Brasil se encontra.

“Temos agora um governo que incentiva a juventude ao estudo e a chegar ao Ensino Superior. Houve um processo de maior incentivo nas mídias, como também pelo MEC, mas para que esse número de inscrições se mantenha, deve ocorrer, por parte do governo, uma intensificação da política de cotas raciais e de renda, e, na sequência, das condições de permanência”.

Ainda há um longo caminho a percorrer. Em 2014, por exemplo, o exame teve 8,7 milhões de inscritos e, desde então, passou por sucessivas quedas na participação dos(as) estudantes.

A secretária educacional da APP-Sindicato, Vanda do Pilar Santos Bandeira Santana, insere na discussão o atual modelo de Ensino Médio, que, segundo ela, é um fator preocupante para o futuro da educação e também do Enem. “Nesse percurso, é fundamental revogar o atual modelo do Ensino Médio, que diminuiu a carga horária da Formação Geral Básica, bem como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que não prioriza uma formação para a continuidade da vida acadêmica, pois se pauta pelo desenvolvimento de competências e habilidades na perspectiva dos interesses da elite capitalista”.

Marlei complementa que o governo precisa se preocupar também com a baixa procura dos jovens por cursos de licenciatura. “Precisamos fazer uma grande ação a partir do próximo Plano Nacional de Educação (PNE) para garantir que essas vagas de licenciatura sejam ocupadas diretamente. Temos no Brasil um possível apagão da profissão docente e, por isso, é necessária uma política que englobe: boa carreira, salários dignos, com concursos para a permanência nas redes de ensino, e ampla campanha para que jovens queiram tornar-se professores(as)”.

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