Após pressão, Ratinho volta atrás e revoga licenças compulsórias

Após pressão, Ratinho volta atrás e revoga licenças compulsórias

Depois de fracasso com aplicativos, agora governo Ratinho convoca professores(as) para atuar em projeto de destruição da escola pública

Nenhum direito a menos - Foto: APP-Sindicato

Não durou 24 horas a medida ilegal e autoritária do governador Ratinho Junior que, por decreto, obrigou 54 mil professores(as) e funcionários(as) de escola entrarem em licença especial por 90 dias, a partir desta segunda-feira (6).

A mudança ocorre depois do pedido da APP-Sindicato para revogação da medida e das denúncias feitas pelo Sindicato de que o projeto do governo, com ataques aos(às) professores(as) e funcionários(as), está destruindo a educação pública do Paraná.

Em um vídeo, gravado na manhã desta terça-feira (7), o empresário Renato Feder, secretário da Educação, se apressou para afirmar que, agora, as licenças serão voluntárias. Até o fechamento desta matéria, o documento oficial ainda não havia sido publicado.

“Isso tudo deixa muito claro, mais uma vez, que esse governo só tem propaganda e nenhuma consideração pelos profissionais da educação”, comenta o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão.

“Primeiro humilharam, nos obrigando a tirar licença em um período que não podemos sair de casa. Depois tentaram nos substituir por um aplicativo. Viram que não dá certo, que educação só acontece com a presença dos profissionais da educação e, agora, estão nos chamando para tentar salvar esse projeto que visa destruir a educação pública e repassar o dinheiro da educação pública para a iniciativa privada”, comenta Hermes.

Saiba mais: Ratinho Junior obriga 54 mil servidores(as) em quarentena a tirar licença a partir de segunda (6)

Como previsto, projeto EaD do governo fracassa

A revogação das licenças compulsórias também acontece após o fracasso da implantação do ensino a distância em substituição das aulas presenciais, durante o período de isolamento social, devido a Covid-19.

No primeiro dia de funcionamento dessa modalidade de ensino, nesta segunda-feira (6) estudantes foram expostos a mensagens de pornografia e chamamento para suicídio coletivo. A situação, registrada no aplicativo Aula Paraná, deixou pais(mães) indignados(as) e foi denunciada no Ministério Público de Londrina.

Saiba mais: EaD: Governo Ratinho expõe estudantes a mensagens de suicídio e pornografia

A secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Taís Mendes, explica que o sindicato se posicionou contra a proposta de EaD e defende a reposição das aulas com a interação presencial entre estudantes e professores(as), após o fim do isolamento social.

“A imensa maioria de nossos professores não teve formação em educação a distância. Nossas escolas não estão organizadas e preparadas para realizar um planejamento em EaD. Como as nossas escolas vão orientar nossos estudantes? A imensa maioria dos estudantes não têm recursos necessários para realizar as atividades a distância”, explica.

Comunidade escolar deve rejeitar

De acordo com Taís Mendes, a deliberação do Conselho Estadual de Educação do Paraná prevê que a implantação do EaD precisa da autorização do diretor de cada escola. “Neste sentido, nós orientamos que a comunidade escolar também se manifeste e recuse essa proposta”, disse.

“A APP-Sindicato defende a universalidade, a equidade e a qualidade pedagógica do processo ensino-aprendizagem, com atendimento à diversidade das nossas escolas e dos nossos estudantes, mas o ensino à distância não atende a esses princípios”, explica Taís.

Gestão do atraso

Para o presidente da APP-Sindicato, a forma como governo Ratinho Junior e o empresário Renato Feder fazem a gestão da educação paranaense promovem o atraso ao tomar decisões autoritárias, sem escutar a comunidade escolar.

“Nós repudiamos essa metodologia e temos insistidos que o governo pare com essas medidas, que não são planejadas e causam transtornos para a vida da categoria, de estudantes e de seus familiares”, disse.

Confira o Decreto 4435

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