Com o final da Greve Geral da Educação no dia 09 de junho de 2015, decidida em assembleia com cerca 12mil educadores(as), em que a maioria votou pela suspensão da paralisação, surgiu o desafio de como voltar para as escolas mas continuar a resistência diante de todas as dificuldades que continuariam sendo impostas pelo governo.
Apesar dos resultados da paralisação, do impedimento do desmonte das carreiras, do enfrentamento ao retrocesso em vários direitos já conquistados e do desgaste da imagem do atual governo estadual, a luta não se encerra com o final de uma greve. Pelo contrário, ela se pulveriza em várias ações cotidianas em cada escola, em cada sala de aula.
O Brasil há 30 anos vive em uma democracia, mas em muitos momentos é preciso resistir para garantir que o direito a ela seja respeitado. A resistência não é somente ir às ruas ou paralisar as aulas, educar também é resistir! “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, já dizia Nelson Mandela, símbolo da luta contra o Apartheid na África do Sul e defensor de um sistema educacional mais equânime e digno.
Em muitas escolas do Paraná a repressão acontece. De forma velada, mas acontece. Educadores(as) são acusados(as) de doutrinação, são punidos por um porte de escola que não atende as demandas reais, precisam trabalhar doentes pela falta de licenças especiais, sofrem com assédio moral e ameaças por parte do governo. Educar torna-se subverter, por isso a resistência é diária!
Confúcio, “Mestre Kong”, foi um pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos. Defendia que “fazendo o que está ao nosso alcance, beneficiamos a todos. Tentando apenas ter ideias para salvar o mundo, não ajudamos nem a nós mesmos. Existem mil maneiras de se fazer política e não é preciso ser parte do governo”. Ensinar história, português, matemática, ciências, geografia, etc. a crianças e adolescentes sedentas por novidades é salvar o mundo. Garantir a permanência desses estudantes, com uma alimentação saborosa e saudável, uma sala de aula e um pátio limpos, indicar um bom livro na biblioteca, recebê-los todos os dias logo cedo no portão da escola, é resistir!
É, sobretudo, dizer ao governo que, ao contrário do que ele pensa, cada bomba, spray de pimenta, empurrão, bala de borracha, cada “não”, cada ameaça, cada mentira sobre os(as) educadores(as) e o sindicato que os(as) representa, é combustível para manter a resistência. Para manter educadores e educadoras firmes e lutando, cada dia, por uma escola pública e de qualidade.
Passados 3 meses do final da greve e 4 meses do massacre que indignou a sociedade paranaense e o mundo, manter viva a memória da luta travada também é resistir e o desafio é fazer isso diariamente.
Como símbolo dessa resistência, a APP-Sindicato sugere que todas as escolas organizem com os professores(as), funcionários(as) e estudantes, o plantio de uma árvore durante a semana que vem e envie para a Comunicação do sindicato (no e-mail [email protected]), uma foto dessa atividade. A motivação é que essas árvores plantadas no chão da escola, sejam um símbolo da luta. Para essa planta crescer, florescer e dar frutos é necessário cuidado, assim como a educação.