A APP-Sindicato aguarda convocação do Governo do Paraná para mesa de negociação da pauta de reivindicações do movimento grevista gradual iniciado no dia 10 de maio, paralelamente à volta às aulas presenciais na rede pública estadual. A comunicação oficial da greve e o pedido de abertura de negociações foram formalizados na semana passada. O documento protocolado inclui estudo epidemiológico que demonstra a impossibilidade de volta às aulas presenciais nesse momento no Paraná. “Pontuamos os riscos do retorno das aulas presenciais (modelo híbrido) neste momento da pandemia. Defendemos o retorno presencial, mas é necessário um ambiente seguro para a categoria, estudantes e comunidade escolar. Não se pode negar os riscos da pandemia e colocar a vida de professores(as), funcionários(as) de escola e estudantes em perigo. Nossa contrariedade é quanto à forma como está sendo feito este processo, pois a categoria não pode estar nas escolas presencialmente sem ter tomado as duas doses da vacina”, diz o documento.
O Sindicato sempre se colocou ao diálogo com o Governo do Paraná para cumprir o art. 9º da Lei 7.783/1989, que trata da manutenção dos serviços “cuja paralisação resulte em prejuízo irreparável”. A aprovação em assembleia da Greve pela Vida já havia sido comunicada ao Governo do Estado anteriormente, condicionando a volta às aulas à vacinação dos profissionais da Educação. O documento aponta a falta de condições para cumprir o modelo híbrido que o secretário Renato Feder tenta impor, pois há escolas sem internet para transmitir as aulas como previsto pela Seed. Também faltam materiais de segurança adequados para professores(as) e funcionários(as) de escola. Os problemas se agravam com a redução de funcionários(as) que está sendo feita com a terceirização desses trabalhadores(as). Por orientação da Secretaria da Educação, as empresas terceirizadas estão contratando um número menor que o de servidores(as) demitidos por Ratinho Jr. No total, 9.700 servidores(as) PSS estão sendo demitidos em plena pandemia.
O retorno presencial das aulas deve ser pautado em estudos científicos que comprovem que as escolas são um ambiente seguro, registra o documento protocolado pela APP. “Por isso, este sindicato encomendou estudos de uma instituição competente e experiente para fundamentar a nossa decisão quanto às aulas presenciais. Esses estudos foram sistematizados na Nota Técnica sobre a pandemia no Paraná, em anexo, realizada pelo INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia”, informa a APP. “Segundo os estudos realizados em dez municípios referência no Estado, algumas atividades, como o retorno das aulas presencial ou híbrido, tornam-se inviáveis dadas às baixas taxas de vacinação. A literatura científica aponta que ignorar as medidas restritivas com base nos modelos do tipo SEIR tendem a propiciar novo aumento de casos”, completa.
O estudo epidemiológico feito no Paraná pelos cientistas do INPA registra que a resposta das autoridades, ao implementar medidas de contenção ou adotar uma postura negacionista sobre o isolamento social, se reflete diretamente na continuidade ou na atenuação da pandemia. “Por exemplo, a cidade de Ponta Grossa teve uma diminuição no número de casos, internações e óbitos após a adoção de medidas restritivas, como restrições da mobilidade urbana por contenção do transporte público. Dentre os municípios avaliados, Foz do Iguaçu apresentou pico de casos, internações e óbitos em fevereiro e abril. Cascavel, Francisco Beltrão e Paranavaí apresentaram pico da onda em andamento em março e abril. Guarapuava, Maringá, Ponta Grossa, Toledo e União da Vitória, apresentaram o pico a atual onda no mês de março e Londrina deve enfrentar o pico da atual onda apenas no mês de maio e junho”, aponta o estudo.
O relaxamento do isolamento social antes da redução significativa do número de casos de Covid 19 é apontado como causa para a ocorrência de novas ondas, com aumento do número de contaminações, internações e óbitos. É o que tem feito o governador Ratinho Jr, ansioso para empurrar alunos e profissionais da Educação em escolas sem vacinação nem condições de cumprir os protocolos de biossegurança.