Aos nossos mortos não fazemos silêncio: um ano da tragédia que vitimou seis educadores(as) no Paraná

Aos nossos mortos não fazemos silêncio: um ano da tragédia que vitimou seis educadores(as) no Paraná

Professores(as) e funcionários(as) viajavam carregados de sonhos para construir, junto aos(às) seus(as), as propostas da categoria por uma escola pública de qualidade.

Há um ano, uma tragédia marcaria para sempre a educação pública, a sociedade paranaense e a história da APP-Sindicato.

Aproximadamente às 23h30 de 11 de agosto de 2022, uma van e um caminhão se chocaram na BR-376, ceifando a vida de seis educadores(as) e um motorista.

Era a delegação de Cambará em deslocamento para a 8ª Conferência Estadual de Educação da APP. Na manhã seguinte, dor e perplexidade tomaram conta do evento. No ambiente de reencontro e debate de propostas, a maior presença era a ausência.


Com a Conferência suspensa, a estrutura montada para receber cerca de 500 delegados(as) de todo o estado virou palco de homenagens e luto.

“Nesta noite perdemos colegas com quem partilhamos uma vida de sonhos e lutas. A dor dos familiares é inimaginável. Era para ser nosso primeiro grande encontro presencial depois da pandemia. Dessa vez esses nossos(as) companheiros(as) não conseguiram chegar, mas eles(as) construíram cada tijolinho da APP. Por isso esse dia será de homenagens a eles(as)”, disse a presidenta da APP, Walkiria Mazeto, na abertura do evento.

“Olhando para trás, vemos as fotos do não-evento e o choro dos(as) presentes. Impossível não se entristecer relembrando desse dia e também dos dias seguintes. Nunca havíamos vivenciado uma tragédia nessa proporção”, lembra Cláudia Grüber, secretária-executiva de Comunicação da APP-Sindicato.

Os(as) educadores(as) viajaram carregados de sonhos para construir, junto aos(às) seus(as), as propostas da categoria por uma escola pública de qualidade.

“A minha irmã foi uma pessoa que toda a vida estudou e lutou pela educação. Mesmo sendo funcionária administrativa. Ela tinha um olhar para os(as) professores(as), para todos(as) os(as) funcionários(as), um olhar de grandeza. Ela queria que todos(as) tivessem os avanços de acordo com o estatuto e com a lei que ampara a educação”, relatou Luiza Aparecida da Cunha, irmã de uma das vítimas, a educadora Aparecida Lúcia da Cunha.

A tristeza se somava à tensão por notícias dos(as) sobreviventes; três educadores(as) gravemente feridos(as). “Tínhamos questões práticas a encaminhar, como o auxílio às vítimas e suas famílias. Foi preciso muita força e coragem”, relata Cláudia Gruber.

Com o tempo, os(as) sobreviventes Maria das Graças de Oliveira, Juliano Cesar Teixeira e Fernanda Nogueira Teixeira se recuperaram. Nada é como antes, mas Juliano e Fernanda voltaram a frequentar as atividades do Sindicato.

“Minha filha disse ‘mãe, agora vocês vão parar, agora vocês vão sossegar’. Eu disse não. Porque a tragédia fez crescer no meu coração um desejo mais forte de lutar. Por quê? Porque nossos companheiros morreram lutando por aquilo que eles acreditavam, que era a educação no nosso estado”, conta a professora Fernanda.

Idealizado para receber mensagens da categoria com votos para o futuro da educação e da escola pública paranaense, o Mural do Esperançar se converteu em um memorial às vítimas.

Os(as) educadores(as) foram lembrados e homenageados nesta sexta-feira (11), no Conselho Estadual da APP, reunido online. “Estes(as) companheiros e companheiras continuam vivos(as) na nossa memória e na luta que fazemos todos os dias, pois nos dão força para continuar a nossa jornada”, disse o secretário-geral Celso Santos.

Como registrou uma das muitas mensagens de solidariedade recebidas pela APP-Sindicato: “Sobre as vítimas, só tenho uma certeza: de que foram pessoas altruístas e destemidas que praticavam a solidariedade. Ninguém atravessa um estado de ponta a ponta para lutar por sua classe sem ser profundamente amoroso e resistente.”

Ontem, agora e sempre. Presentes.














 

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