A estrutura montada para a 8ª Conferência Estadual de Educação da APP foi palco de homenagens, luto e da solidariedade de classe dos cerca de 500 delegados(as) de todo o estado que vieram a Curitiba debater as propostas da categoria para a escola pública.
O evento, com programação de dois dias, foi encerrado precocemente na manhã de abertura dos trabalhos após o trágico acidente que ceifou a vida de seis educadores(as) da delegação de Cambará, além do motorista da van, na BR-376. Outros três colegas permanecem hospitalizados(as).
Dirigentes, delegados(as), movimentos estudantis e lideranças políticas de todo o estado também se fizeram presentes para manifestar pesar e prestar solidariedade. A Secretaria de Estado da Educação decretou luto de três dias.
“Nesta noite perdemos colegas com quem partilhamos uma vida de sonhos e lutas. A dor dos familiares é inimaginável. Era para ser nosso primeiro grande encontro presencial depois da pandemia. Dessa vez esses nossos(as) companheiros(as) não conseguiram chegar, mas eles construíram cada tijolinho da APP. Por isso esse dia será de homenagens a eles(as)”, disse Walkiria Mazeto, presidenta da APP-Sindicato.
O presidente do Núcleo Sindical da APP em Cambará também lamentou a perda dos(as) educadores(as). “Com muita dor recebemos a notícia sobre esses nossos companheiros(as). Essas pessoas que nos deixaram nesse momento estavam fazendo aquilo que gostariam de fazer, lutando por aquilo que acreditam, lutando por uma educação de qualidade”, disse Elias Carlos Panichi.
Os(as) educadores(as) viajaram carregados de sonhos para construir, junto aos(às) seus(as), as propostas da categoria por uma escola pública de qualidade. Como registrou uma das muitas mensagens de solidariedade recebidas pela APP-Sindicato: “Sobre as vítimas, só tenho uma certeza: de que foram pessoas altruístas e destemidas que praticavam a solidariedade. Ninguém atravessa um Estado de ponta a ponta para lutar por sua classe sem ser profundamente amoroso e resistente.”
A direção do Sindicato acompanhou a ocorrência desde a primeira hora da manhã, auxiliando na identificação das vítimas e deslocando-se aos IMLs e hospitais de Ponta Grossa e Curitiba. Todo o auxílio possível será prestado aos(às) familiares. As sete vítimas, o motorista, um professor, duas professoras e três funcionárias de escola, são de Santo Antônio da Platina, Barra do Jacaré e Jacarezinho.
Os(as) três educadores(as) hospitalizados(as) são de Cambará. Fernanda Soares e Juliano Cesar estão em quadro estável e apresentam boa recuperação. Já Maria das Graças de Oliveira apresenta lesões graves e quadro instável.
Homenagens também chegaram de todo o Paraná e do Brasil. Sindicatos, partidos, movimentos sociais e estudantis, diretórios acadêmicos, universidades, políticos e diversas personalidades enviaram e continuam enviando nota de pesar à APP e a familiares e colegas.
Durante a tarde, dirigentes estaduais se deslocaram para as cidades das vítimas para se solidarizar e prestar condolências nos velórios.
Luto e luta
Para encaminhar o encerramento do encontro, foram acolhidas todas as emendas ao Caderno de Debates, que seriam discutidas durante a Conferência, com propostas para a educação pública do Paraná. Também foi aprovada por unanimidade a Carta da Conferência, que será entregue aos(às) candidatos(as) ao governo do Paraná e ao Legislativo.
“Nossa Carta defende a democracia, a escola pública, a valorização profissional e uma educação humanizadora, que seja um direito universal de todas as pessoas, das crianças aos idosos(as), pública, de qualidade e transformadora. Mas sobretudo humana”, afirma Vanda Santana, secretária Educacional da APP.
Nádia Brixner, secretária executiva Educacional da APP pontuou: “Nós trabalhamos na nossa conferência uma educação humanizadora, baseada no esperançar de Paulo Freire. E se os nossos companheiros não estão aqui presentes fisicamente conosco, seus espíritos estão e esperam de nós que continuemos a esperançar e transformar essa educação para a qual temos proposta.”
Jussara Aparecida Ribeiro, secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da APP, lembrou: “Os sonhos destes colegas que pereceram continuam vivos e é nossa tarefa levá-los adiante. As utopias continuam vivas enquanto houver luta”.