Abastecido com dinheiro público sem licitação, grupo RIC-PR volta a atacar educadores(as)

Abastecido com dinheiro público sem licitação, grupo RIC-PR volta a atacar educadores(as)

Direção da APP-Sindicato divulga nota de repúdio a nova investida de grupo empresarial contra a luta dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola

Foto: QuemTV / APP-Sindicato

Mesmo não tendo cobertura de sinal digital em todas as cidades do Paraná, o grupo Rede Independência de Comunicação (RIC-PR) – Rede Record foi escolhido pelo governador Ratinho Junior e pelo empresário Renato Feder para um contrato milionário e sem licitação de transmissão de aulas durante a pandemia. Essa gastança de dinheiro público, que não contribuiu em nada para o aprendizado dos(as) estudantes, parece também explicar os sucessivos ataques empreendidos pelo editorial deste grupo empresarial contra a luta dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola por melhores condições de trabalho e de qualidade da educação pública do Paraná.

Abastecidos do dinheiro dos impostos pagos pela população, recursos que poderiam viabilizar melhores salários para professores(as) e funcionários(as) e investimentos nas estruturas das escolas, no início desta semana o grupo RIC divulgou publicações com imagens da greve de fome realizada entre os dias 19 e 26 de novembro na porta do Palácio Iguaçu, em Curitiba, com narrativas intencionalmente descontextualizadas, na tentativa de colocar a população contra os(as) educadores(as).

As imagens, obtidas pelo grupo RIC de forma “milagrosa”, são do circuito interno de segurança do Palácio Iguaçu que, em nenhum momento mostram qualquer ato ilegal ou até mesmo de conteúdo jornalístico, mas que, onde faltam valores como ética e moral, e imperam o descompromisso com o interesse público, podem servir para a desinformação, ato totalmente oposto ao compromisso e às obrigações de quem possui concessão pública para prestar serviço de comunicação.

As imagens selecionadas meticulosamente e anunciadas praticamente ao mesmo tempo pelo deputado líder do governador Ratinho Junior na Assembleia Legislativa do Paraná, Hussein Bakri, mostram um dos educadores que participaram da greve fome sentado em uma cadeira de rodas. Na ocasião, ele posa para uma foto a pedido de uma pessoa que não possui qualquer vínculo com a APP-Sindicato. Em seguida, o educador levanta normalmente e se dirige ao seu local de repouso.

A cadeira de rodas foi utilizada durante todo o movimento por orientação da equipe médica que acompanhou e monitorou os sinais vitais dos(as) educadores(as) durante toda a greve. O equipamento serviu para transportar esses(as) trabalhadores(as), sempre que necessário, até uma base de apoio com banheiros e ambulância, localizados há cerca de 200 metros.

Acrescenta-se a isso o fato de que toda a greve de fome ocorreu em local público, sem qualquer restrição de acesso ao espaço às pessoas que quiseram atestar a verdade do que ocorria ali ou manifestar sua solidariedade ou não à causa. Inclusive, outras emissoras de televisão fizeram matérias jornalísticas de verdade, entrevistando os(as) trabalhadores(as) em greve, podendo verificar tudo que acontecia no movimento.

Apesar de não haver nada de errado nas imagens, textos divulgados pelo grupo RIC em suas redes sociais sugerem que os(as) educadores(as) estariam fingindo fazer greve de fome. Além de revelar uma capacidade inescrupulosa de tentar criminalizar um movimento legítimo, protagonizado por uma atitude extrema de sacrifício individual em função de uma causa coletiva, essa ocorrência reforça as evidências de que, pelo menos quando a pauta é educação, o grupo RIC finge fazer jornalismo.

A greve começou com 47 pessoas e terminou com 10. Nem todos(as) conseguiram resistir a tantas horas sem comer. Foram oito dias, mais de 170 horas apenas ingerindo água, 6 a 8 quilos a menos. Mas o editorial da RIC prefere, novamente, a um preço que precisa ser denunciado, ignorar o fato que realmente importa ao interesse público, que é o plano do governador Ratinho Junior e do empresário Renato Feder para destruir a educação pública do Paraná.

O editorial do grupo RIC tem se posicionado sempre contra as pautas dos(as) educadores(as) e favorável ao governador Ratinho Junior. A empresa chegou ao ponto de recusar veicular uma campanha publicitária criada pela APP-Sindicato, neste ano, voltada a valorização da educação pública. A campanha foi aceita sem restrições em outros canais de televisão, como a Rede Globo. Então, qual o critério para esse tipo de censura, senão agradar o governador que escolheu essa empresa para derramar dinheiro público em um projeto que finge ensinar? Qual o critério, senão atacar quem denuncia a má aplicação dos recursos da educação pública e quem se beneficia de um contrato milionário feito sem licitação?

Portanto, essa nova investida da RIC contra os(as) professores(as), contra as(os) pedagogas(os), contra as(os) merendeiras(os), contra as(os) secretárias(os), contras as(os) trabalhadoras(es) que limpam o chão das escolas, só reforçam as evidências de que há relações entre a empresa e o governo que envergonham não apenas os valores éticos do jornalismo profissional, mas também o significado da palavra “independência” que a empresa usa em seu nome, mas não honra.

Enquanto o grupo RIC fica com milhões da educação sem dar uma única aula, professores(as) que dão aula tem que tirar dinheiro do próprio bolso para comprar computador, celular, iluminação, entre outros equipamentos, para não deixar os(as) estudantes desassistidos(as). Outros(as) estão sacrificando o próprio salário, pagando combustível para ir atrás dos(as) estudantes que não recebem apoio do governo, nem o sinal da TV Record.

Diante de tudo isso, nos resta lamentar e repudiar que qualquer empresa de comunicação se associe a esse esse tipo de organização criada neste governo que busca destruir a educação pública do Paraná. A APP-Sindicato tem 73 anos de história, todos eles marcados pela defesa intransigente de uma educação pública, gratuita e para todos(as), com a valorização dos(as) profissionais(as) que atuam nesta categoria para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Aos que tentam nos atacar, reafirmamos que a história não os perdoará.

30 de novembro de 2020

Direção Estadual

APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná

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