Hoje (22) pela manhã, o jornalista e o conselheiro da Telesur (canal de TV pública da América Latina), Beto Almeida, esteve no acampamento em frente à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) e falou sobre a luta pela democratização da comunicação e como ela se relaciona com a luta por uma educação pública e de qualidade.
Para Beto as pautas estão interligadas. “Elas não caminham separadamente e portanto, é muito importante que todos os movimentos específicos, também tenham um olhar sobre a questão midiática e façam o debate, porque ela hoje no Brasil é travada. Para que isso aqui [a greve da educação no Paraná] tenha amplitude, precisa-se ter a compreensão da sociedade por inteiro. Para que a razão que está na luta dos professores aqui do Paraná seja compreendida nacionalmente é muito importante que haja uma mídia voraz, totalmente informativa e dotada de uma capacidade de representar e refletir aquilo que está pulsando e que está vivo na sociedade brasileira”, defende.
Um exemplo dessa falta de amplitude do que está acontecendo no Paraná foi o massacre do dia 29 de abril. “Houve uma cobertura nacional daquele dia, mas depois não teve a continuidade da explicação do tema da previdência, que não é só o tema do salário, tem algo que é pensar no futuro. E isso alerta para um problema: há muitas forças obscuras tramando contra os direitos previdenciários. Aqui há uma tentativa dessas forças conservadoras e reacionárias de colocar em pauta propostas completamente reacionárias, de demolição de direitos. Por isso temos que interligar, porque a cobertura não permite uma reflexão tão aprofundada”.
O jornalista ainda comentou sobre o movimento de greve, que já soma 55 dias, contando com a primeira paralisação. Para ele, os(as) educadores(as) no Paraná estão dando um alerta quanto as práticas de desrespeito aos direitos que podem vir a se tornar comuns pelo Brasil. “Eu acho que tem aqui um elemento importante porque se revelou algo muito perigoso. A trama que se está fazendo aqui, com essa mudança previdenciária, é na verdade uma rapina, uma rapina à economia popular, uma rapina ao futuro das pessoas. Nós estamos diante da revogação e destruição dos direitos que vieram lá de trás. Quando o governo faz isso de uma maneira tão acintosa como fez aqui e encontrou apoio na Assembleia Legislativa é muito perigoso que esse exemplo se frutifique. O governo do Paraná foi mais agressivo, mas outros podem se sentir encorajados por ele. Por isso essa resistência para revogar a medida é fundamental”.