A luta sindical tem gênero? Presidenta da APP defende dissertação de Mestrado

A luta sindical tem gênero? Presidenta da APP defende dissertação de Mestrado

O trabalho analisa como as demandas das docentes da rede estadual de educação encontram espaço nas deliberações da APP

Nesta terça-feira (21), a presidenta da APP, Walkiria Mazeto, defendeu sua dissertação de Mestrado em Educação pela UFPR. A pesquisa é um mergulho no entrelaçamento entre questões de gênero e a agenda sindical, na expectativa de responder à pergunta “A luta sindical tem gênero?”.

Orientado pela prof. Dra.ª Andréa Barbosa Gouveia, o trabalho analisa como as demandas das docentes da rede estadual de educação encontram espaço nas deliberações da APP, rastreando a expressão do debate de gênero na agenda política do Sindicato.

Walkiria conduz a pesquisa por meio de uma análise documental da pauta de reivindicação, incluindo deliberações dos Conselhos e Assembleias Estaduais, Congressos e Conferências da Educação ocorridos entre 2012 e 2020.

O recorte se dá pela aprovação, no Congresso Estadual de 2012, de uma cota de gênero que determina o mínimo de 50% de mulheres na composição das direções e demais instâncias do Sindicato.

“Notamos que há um grande acúmulo no debate de gênero nos últimos 10 anos”, aponta Walkiria. “No entanto, elas não estão explícitas nos diferentes documentos que a entidade produz na disputa das políticas públicas”.

A pesquisadora nota, também, que as construções de gênero promovidas pelo Sindicato têm um olhar mais voltado à condição social das mulheres e a um debate feminista amplo, secundarizando o olhar específico da mulher trabalhadora que se encontra na escola – a categoria.

Para Walkiria, é necessário ampliar este olhar, em especial no que tange às políticas de valorização profissional. O fato, por exemplo, das educadoras receberem salários menores do que outros(as) servidores(as) do Estado com a mesma formação tem clara relação com as desigualdades de gênero, tratando-se de uma categoria majoritariamente feminina.

Esta falta de permeabilidade da agenda sindical às questões de gênero é, para a pesquisadora, um vício que provém das características “marcadamente masculinas e universalizantes” do Sindicato, as quais tendem a hierarquizar questões de classe sobre as demais dimensões. Defende, assim, uma maior dialeticidade entre classe, gênero e raça.

Eleita neste ano e empossada em novembro, Walkiria é apenas a terceira mulher a assumir a presidência da APP-Sindicato em 74 anos de história. A banca também contou com a participação de Márcia Ondina Vieira Ferreira (UFPEL), Aline Chalus Vernick Carissimi (FATEC) e Marcos Ferraz (UFPR).

A defesa da dissertação foi transmitida ao vivo no canal da Rede de Pesquisadores e Pesquisadoras sobre Associativismo e Sindicalismo dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação (Rede ASTE). Confira a íntegra da defesa aqui.

 

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