A lama e o terror do capitalismo

A lama e o terror do capitalismo


Assistimos há uma semana a tragédia em Minas Gerais na região de Mariana. Podemos nos perguntar: acaso, tragédia ou inconsequência? Trabalho com a ideia do terceiro item.

As tragédias acontecem através de fenômenos naturais, mas o que houve com a barragem em Mariana nada mais é do um conjunto de inconsequências tanto das proprietárias da mineradora Samarco quanto da falta de fiscalização do poder público. A mineradora Samarco é formada por duas gigantes da mineração, a brasileira Vale, maior exportadora de minério de ferro do mundo, e a anglo-australiana BHP Billiton, maior companhia do setor. É bom lembrar que a Vale era uma empresa estatal que foi vendida a preço de banana pelo governo FHC. Foi um dos maiores escândalos do país. A segunda maior empresa brasileira (a maior é a Petrobrás que sofre duros ataques para que seja privatizada) trazia muitos benefícios ao país. A Vale foi vendida por R$ 3,3 bilhões. Seu valor foi um milésimo inferior ao que valia (R$ 3 trilhões de reais).

Os movimentos sociais e sindical consideram um crime de lesa pátria. Participei no início dos anos 2000 de vários debates e um Plebiscito Popular foi organizado para retomar a Vale do Rio Doce, seu nome original. Hoje o Rio Doce não existe e muitas pessoas estão sem lugar, vidas se foram e a desesperança toma conta daquela população dizimada (vilarejo de Bento Rodrigues). Quem sofre é a população. A terceirização, ou seja, a procura de prestação de serviços mais baratos e ainda o pagamento com menos direitos aos trabalhadores e às trabalhadoras são a marca para se obter mais lucros. Não se pensa na vida ou o que os serviços de baixa qualidade podem trazer. Nesse caso, a vida, a natureza, as condições de atendimento para a população foram soterradas pela lama. O capitalismo não pensa e nunca pensará no ser humano. Sua violência sobre as populações não tem limites. O que vale é o lucro. Exigimos que o governo brasileiro tome todas as providencias e em regime de urgência. Terrorismo e capitalismo Poderiam perguntar: o que tem a ver o terrorismo com o capitalismo?

Voltamos ao que o texto diz acima. O capitalismo visa o lucro e não tem medidas. São decisões tomadas por governos imperialistas. Os Estados Unidos da América na época da guerra fria para desestabilizar a URSS financiou grupos extremistas de direita contra a União Soviética e também em outros países. Agora, esses mesmos grupos organizados através do fundamentalismo religioso do islamismo, em nome de seu deus atacam os países centrais. Controlar a fúria em nome de deus é uma tarefa inglória. São anos de formação contra as grandes potencias que criaram esse método. Um para derrotar o outro para a obtenção da supremacia universal.

A guerra e o terrorismo são justificativas para se atacar outros países e também vender e reproduzir as armas, mais as empresas ganham, mais o capital lucra. Não são atitudes em vão, isoladas. São atitudes programadas e muitas vezes justificadas. Assim acontece com o Irã, Iraque, Síria e outros países. Esses mesmos que promovem a contraofensiva com a justificativa religiosa. Estamos chocados com a tragédia em Mariana e com a França. Mas vale a lembrança: e as outras tragédias? Até quando o mundo avaliza algumas ações e se assusta com outras? É preciso pensar e avaliar esse momento político com muita ponderação e senso crítico e evitar de reproduzir o senso comum, que nos desumaniza cada dia mais, e colocar uma tragédia contra a outra. Se me comove a tragédia da França estou automaticamente contra Mariana, ou contra o Irã, Iraque, etc.

Em todos os casos são vidas que se perderam e as vidas humanas no capitalismo tem o valor que cada nacionalidade representa, infelizmente. Não podemos ficar calados. Esses temas precisam estar em todos os lugares, principalmente nas salas de aula. Nossos estudantes tem muito a contribuir e nossa tarefa enquanto educadores/as é desvelar a realidade: tirar o véu. Ensinar e lutar contra as desigualdades.

*Secretária de finanças da APP-Sindicato, professora da rede pública estadual do Paraná, especialista em educação, foi presidente da APP.

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