"A escola não é violenta. Ela reproduz as violências da sociedade", afirma Walkiria Mazeto em evento do Conselho Regional de Psicologia APP-Sindicato

“A escola não é violenta. Ela reproduz as violências da sociedade”, afirma Walkiria Mazeto em evento do Conselho Regional de Psicologia

Conferência debate violência nas escolas durante dois dias no campus Curitiba do IFPR

“Quando o Estado não paga um salário digno para quem educa, também é violência”. Com a participação de Walkiria Mazeto, presidenta da APP, o Sindicato marcou presença na mesa de abertura da jornada “Violência(s) na escola: isso é da nossa conta”, evento organizado pelo Conselho Regional de Psicologia do Paraná.

A mesa foi realizada na manhã desta quinta-feira (10), iniciando a programação de dois dias no campus Curitiba do Instituto Federal do Paraná (IFPR). A agenda reúne parlamentares, profissionais da educação, lideranças e pesquisadores(as) para debater e construir propostas que promovam uma cultura de paz nas escolas a partir de um olhar multidisciplinar. 

Em sua fala, Walkíria Mazeto reforçou o compromisso dos(as) educadores(as) na luta pelo fim da violência nas escolas, além de ressaltar o papel dos(as) profissionais da psicologia nesta luta.

“Nós precisamos pensar a partir daquilo que somos, daquilo que nos constituiu enquanto profissionais e como contribuímos para este projeto de sociedade que criamos. Qual sociedade e quais valores civilizatórios queremos construir, reforçar ou marcar?”, questiona a presidenta.

Já a conselheira presidenta do CRP, Griziele Martins Feitosa, avalia que é preciso debater as múltiplas formas de violência que ocorrem na escola, para além de atos individuais.

“Nós temos que pensar na violência para além da questão do indivíduo que cometeu o ato. Nós temos que nos preocupar também com a violência cotidiana, que muitas vezes a mídia não apresenta, mas que está posta. Pouca valorização é dada à violência quando o aluno não tem uma estrutura física adequada, quando não temos salários dignos para o professor e funcionário de escola e quando não temos condições objetivas para os professores ensinarem.”, aponta a psicóloga. 

Para Walkiria, as violências reproduzidas nas escolas também refletem as políticas estaduais, que cada vez mais se pautam na vigilância, militarismo e cobrança de metas, em contraponto a uma educação que preza pela diversidade, respeito e pluralidade de ideias. 

“A escola não é violenta, mas ela vai reproduzir as violências que estão presentes na sociedade. Aqui no Paraná, nós passamos a ter policiais nas portas de todas as escolas e o governador anuncia a ampliação das escolas cívico-militares. Como a Secretaria de Segurança escolheu as escolas? Foram selecionadas escolas de periferia, com grande vulnerabilidade e esse é um olhar da criminalização do mais pobre, do negro que se repete e continua se reproduzindo”, enfatiza Walkíria.

Ao término da conferência, os(as) participantes devem redigir e aprovar uma carta que será entregue às autoridades estaduais com recomendações de ações e políticas para combater a violência no ambiente escolar.


Participações – Participaram também da mesa de abertura a Profa. Dra. Alayde Maria Pinto Digiovanni da Associação Brasileira de Ensino em Psicologia (ABEP), Adriana Maria Matias do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS/PR), a Vice-presidenta  e Conselheira do Conselho Federal de Psicologia, Marina de Pol Poniwas, a Dra. Adriana Pellanda Gagno, coordenadora da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) e Profa. Dra. Marilda Gonçalves Dias Facci, presidenta nacional da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE).

:: Confira a programação

10 de agosto (quinta-feira)

11 de agosto (sexta-feira)

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