A cor da violência: quem são as vítimas de abusos no Brasil

A cor da violência: quem são as vítimas de abusos no Brasil


Batom vermelho incomoda. Mas cabelos crespos, parecem ser uma ‘afronta’ ainda maior quando o assunto é machismo. Uma recente pesquisa feita pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) desenhou um mapa dos casos de violência cometidos nos últimos anos onde as vítimas eram mulheres. O resultado é assombroso. De 2013 para cá, em média 13 mulheres são assassinadas todos os dias. O país é o quinto no mundo em índices de feminicídio. A pesquisa é densa e revela um pouco da realidade histórica, econômica e dos preconceitos sociais do país: enquanto o número de mulheres brancas assinadas vem diminuindo, a taxa de homicídio de mulheres negras cresceu. Na última década o assassinato de mulheres negras aumentou em 54, enquanto o de mulheres brancas caiu 10%.

E sabe onde morrem essas mulheres? Na maioria das vezes, dentro de casa, vítimas dos seus próprios companheiros ou ex-companheiros. A secretária de Gênero Raça e Relações Étnico Raciais da APP-Sindicato, professora Elizamara Goulart Araújo considera que os números são reflexos de uma sociedade em que o homem ainda é o principal sujeito. “A mulher quando se empodera, quando tem acesso à informação, a educação e ao trabalho incomoda muito! Em uma sociedade onde o feminicídio ainda é tratado como caso passional, ainda temos muito que lutar para combater que mais mulheres e meninas não continuem vitimas da negligência e da omissão”, afirma.

A violência se torna banal quando não há uma legislação específica, o próprio termo feminício começa só agora aparecer com mais frequencia no uso poppoular, depois de muito trabalho com educação e cidadania. Para as mulheres o socorro chega a passos lentos. A Lei Maria da Penha, que trata de crimes de violência doméstica, entrou em vigor em 2006. Em 2015 foi sancionada pela presidência da República uma lei que torna o feminicídio um crime com penalidades mais severas. A APP-Sindicato e os movimentos sociais defendem que uma legislação especifica ajuda a mapear o crime contra mulheres e a torna-lo hediondo.

A pesquisa ressalta ainda que a violência contra as mulheres continua, silenciosa e crescente. A esperança está em ações que envolvam educação e políticas públicas de prevenção e combate à esses abusos. Não vamos nos calar!

Veja a pesquisa completa aqui: http://www.spm.gov.br/assuntos/violencia/pesquisas-e-publicacoes/mapaviolencia_2015_mulheres.pdf

Isso vai fechar em 5 segundos

MENU