Dezenas de profissionais da educação, administradores, estudiosos do tema e trabalhadores de outras categorias lotaram o auditório do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UFPR, em Curitiba, na manhã deste sábado, para acompanhar o seminário “Educação acima de tudo”, que tratou dos desafios da educação e a aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE). Estiveram debatendo o relator do PNE, deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR), o senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque (PDT-DF), o deputado estadual Professor Lemos (PT-PR) e o diretor do Grupo Uninter, Wilson Picler.
No evento, organizado pela Fundação Leonel Brizola/Alberto Pasqualini, a APP esteve presente com diversos representantes de núcleos regionais e com os diretores estaduais Elizamara Goulart Araújo (Gênero e Igualdade Racial), Luiz Carlos Paixão da Rocha (Imprensa e Divulgação) e Mário Sérgio Souza (Jurídico).
Professor Lemos e Vanhoni reafirmaram que uma mudança substancial na educação do país passa pela melhoria da gestão dos recursos, mas que o fundamental é garantir financiamento suficiente a fim de que o país supra todas suas necessidades neste campo, conforme as 20 metas expressas no PNE.
Segundo Vanhoni, embora o projeto do PNE não chegue a contemplar os desejados 10% do PIB para a Educação, o plano deve assegurar recursos para implementar políticas de inclusão e manutenção de crianças e jovens que hoje estão fora da escola e de valorização do magistério, de maneira a restabelecer a dignidade do trabalho docente e a universalização do padrão de qualidade de ensino.
Lemos observou que os diversos programas do governo federal no campo da educação nos últimos anos – como o Pronatec, Brasil Alfabetizado – já produziram efeitos, mas que somente com mais recursos será possível haver uma resposta mais significativa.
Revolução – O senador Cristovam Buarque reconheceu a importância do novo PNE para a melhoria da educação no Brasil, mas disse que o plano, por si, não é capaz de revolucionar o ensino no País, a ponto de colocá-lo no patamar dos países mais desenvolvidos, e expôs um plano, já apresentado à presidenta Dilma Rousseff, para que tal revolução – já consumada em países como Coreia do Sul e Finlândia – se opere no Brasil.
Pela proposta, haveria uma progressiva federalização da educação básica, com a criação de escolas federais geridas pelos municípios. Cerca de 100 mil professores seriam contratados por concurso, para uma carreira própria, com salário inicial de R$ 9 mil, para atuar em escolas espalhadas por 250 cidades do país. Anualmente, um novo contingente de docentes seria integrado, com a ampliação do número de escolas e alunos atendidos. Ainda segundo a proposta de Buarque, os professores teriam dedicação exclusiva e metade da jornada seria dedicada à atividades extraclasse.
Segundo Buarque, este modelo garantiria escola em tempo integral e qualificação efetiva dos estudantes, que sairiam do ensino médio habilitados a um ofício e falando um segundo idioma. Com isso, o país atingiria o padrão de qualidade na educação de que precisa para se ombrear com países desenvolvidos e outras nações em desenvolvimento, como Colômbia e Turquia, que já estão fazendo esforços gigantescos na melhoria da educação.