Todo trabalhador sabe que não importa o que aconteça, as contas chegam no fim do mês. Mas e quando o salário não vem? Como fazer? É o que centenas de professores estão se perguntando ao entrar em contato com a APP-Sindicato.
Muitos dos educadores do Processo Seletivo Simplificado (PSS) e novos concursados, que foram nomeados recentemente no chamamento do concurso de 2007, ainda não receberam a remuneração de fevereiro. Em reunião com a APP-Sindicato, o secretário de Educação Flávio Arns repassou a informação de haveria um pagamento em folha complementar no dia 14 de março. A promessa foi feita no dia 29 de fevereiro, confirmada na reunião do dia 9 de março. Já passado o prazo, no último encontro entre a entidade e o governo, no dia 15, após a grande passeata de sete mil pessoas que fez parte da greve nacional, sabendo pela APP dos casos de não pagamento, o governo disse que todos receberiam.
Mas parece que as promessas não se sustentam. Numa escola de Curitiba, cerca de 70% dos professores não receberam o salário de fevereiro e o clima é de revolta e indignação. Educadores estão tendo sérias dificuldades para chegar ao local de trabalho, pois não contam sequer com o dinheiro para o transporte coletivo. Um dos professores relata que todos os procedimentos para o provimento dos cargos dos novos educadores – egressos do concurso e PSS – foram feitos pela escola em tempo hábil, mesmo assim o pagamento não saiu. “Estava certo que o salário sairia na folha do dia 14”, disse o professor, que, voltando sem salário de férias de outra atividade que tem fora do Estado, aguardava ansioso o pagamento, que só deve sair no final do mês.
Outra professora de Curitiba, que tem um padrão de 20 horas, vem sofrendo por não ter recebido na folha complementar os valores das aulas extraordinárias que assumiu neste início de ano. Ela tem de se deslocar para escolas em bairros distantes um do outro e já não conta com dinheiro para o transporte público; a professora teve ainda de fazer empréstimos para pagar aluguel e condomínio. “Estava confiante: liguei para o NRE e disseram que o pagamento sairia no dia 14. Existia, então, da parte deles uma garantia de que seria depositado, mas rodaram a folha e não depositaram o valor”, disse desapontada a professora, que está com sérios problemas de saúde e agora pretende ingressar com uma ação judicial para que as ausências, motivadas pela impossibilidade em chegar aos locais de trabalho, não sejam computadas em seus registros funcionais. O pagamento cumulado das aulas extraordinárias de fevereiro com o salário de março já havia sido informado pela Seed na reunião do dia 9.