Fórum trabalha no resgate da história da ditadura no PR APP-Sindicato

Fórum trabalha no resgate da história da ditadura no PR


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Antônio dos Três Reis de Oliveira, José Idésio Brianesi, João Domingues da Silva, Major Joaquim Pires Cerveira, Onofre Pinto, Daniel José de Carvalho, Henrique Ernesto, Joel José de Carvalho, José Lavéchia, Vitor Carlos Ramos, Isis Dias de Oliveira, Iara Iavelberg…

Foi com esses nomes que Narciso Pires, presidente do Tortura Nunca Mais no Paraná, começou a cerimônia de lançamento do Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, nesta quinta-feira (12), no Teatro da Reitoria da UFPR. A cada chamada, cerca de 600 pessoas respondiam em coro “presente”.

Esses nomes, desconhecidos para a maioria até agora, terão suas histórias desenterradas a partir da Comissão da Verdade. “Desenterradas” pode ser considerado um termo impróprio, já que muitos familiares não tiveram sequer a chance de chorar a morte de seus entes queridos em frente à uma lápide – a ditadura simplesmente os fez desaparecerem. Presos políticos, perseguidos, torturados, exilados, agora terão suas histórias resgatadas, a fim de por um fim no silêncio que se cerca em torno dos arquivos da época da repressão. Esse é o papel da Comissão da Verdade, sancionada pelo governo federal em novembro.

O Fórum é formado por 42 entidades da sociedade civil que irão fiscalizar e dar subsídio para essa comissão no estado. “O papel da APP no Fórum é de ajuda para que a Comissão da Verdade tenha bastante materiais, traga bastante pessoas, crie um movimento de fato para mexer com a sociedade brasileira”, afirma a presidenta da APP Marlei Fernandes de Carvalho, que fez a leitura do manifesto do movimento durante a cerimônia de lançamento. Ela ainda relembra que muitos professores foram perseguido e patrulhados na época e destaca o papel da educação na perpetuação dessa história para as novas gerações, a fim de nunca mais se repita algo parecido.

A sala praticamente lotada, com cerca de 600 pessoas, na maioria jovens, demonstra que o brasileiro quer, sim, saber mais sobre a sua história. Participaram: movimento estudantil, sindicatos, partidos políticos de esquerda e seus parlamentares, CUT, OAB, MST, Ministério Público e Igreja Católica. Todos reforçaram a importância da união para tornar a comissão efetiva e com resultados. “Montaremos um comissão da verdade em cada cidade do Paraná para que se apure todos os detalhes desta história”, compromete-se Roni Barbosa, presidente da CUT-PR.

A sanção da lei pela presidenta em novembro simboliza uma mudança de mentalidade no país. Mas ainda há muito para se fazer. “Que essa seja uma alavanca para reconhecer que a tortura continua ainda hoje, é só olhar como são tratados os mais pobres na delegacia. Esta comissão também é para os paranaenses que continuam sem teto, sem terra e sem saúde”, denuncia Olímpio de Sá Sotto Maior, procurador do estado.

No último dia 31 de março um grupo de militares “comemoraram” 48 anos do que eles chamam de “Revolução Militar”. O fato deixou a maioria das pessoas estarrecidas mas demonstra que as forças que apoiam o regime continuam vivas e atuantes. Neste sentido, o coordenador nacional da Memória Gilnei Viana, representado a secretaria de Direitos Humanos da Presidência, finalizou o evento fazendo o alerta: “Não vai ter resultado se a sociedade não se mobilizar. Se não houver pressa da sociedade para apurar as histórias, vai haver de outro lado para atrapalhar”.

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