Caminhada destaca marcos da resistência e da opressão na Ditadura APP-Sindicato

Caminhada destaca marcos da resistência e da opressão na Ditadura


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“Manter a memória viva é a condição para que estas atrocidades não se repitam”, clamou a professora Janeslei Aparecida Albuquerque, secretária de Formação da APP-Sindicato, no ato realizado nesta quinta-feira (25), na Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As atrocidades as quais a professora – e também testemunha – se referia, foram os atos de repressão perpetrados contra o povo no período da Ditadura Militar (1964-1985). A fala da representante da APP foi uma entre as várias realizadas no início e percursos da ‘Caminhada da Resistência’, atividade realizada durante a visita da 63ª Caravana da Anistia a Curitiba.

Da atividade participaram representantes das entidades e órgãos que integram o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, bem como militantes dos movimentos sociais, familiares e sobreviventes da repressão militar. Em todas as falas, as mensagens que se destacavam eram: “não podemos esquecer” e “não podemos permitir que isto se repita”. De acordo com a secretária da APP, a visita, pela manhã, ao Presídio do Ahu (principal espaço de detenção dos presos políticos no Paraná durante a Ditadura), bem como a caminhada e inauguração do ‘Museu de Percurso’ são fundamentais para rememorar o período.

“Aquele foi um dos locais onde centenas de presos políticos do Paraná passaram, foram humilhadas, torturadas e alguns não sobreviveram. Então, é um marco da história da repressão política do país e é um marco da repressão de classe. Porque sabemos que a esmagadora maioria da população carcerária no Brasil é feita de pobres. E aquele foi um momento da história em que não só os pobres foram para a cadeia, mas também aqueles que, mesmo não sendo pobres, se colocaram politicamente e ativamente contra a pobreza e contra um sistema de injustiças. Foi um ato emocionante e triste. Já a caminhada teve como meta assinalar alguns marcos históricos da repressão e da resistência”, explicou Janeslei.

Durante a caminhada – que além de marcar a Reitoria da UFPR, também se deteve no prédio histórico da Universidade, localizado na Praça Santos Andrade, e, finalmente, na Boca Maldita – os participantes do ato entregavam às pessoas o livreto ‘Caminhos da Resistência’. “Lançamos este catálogo, com mais de 20 locais do Paraná, ilustrado com fotos da época, mostrando qual a importâncias desses lugares, inclusive de alguns marcos que estão fora de Curitiba. A recuperação desses marcos é uma das tarefas a que se propôs o Fórum Paranaense de Resgate da Memória, Verdade e Justiça”, explicou o jornalista Roberto Salomão, que também lembrou que no próximo dia 12 de novembro a Comissão Nacional da Verdade vem à Curitiba para uma audiência pública.

Relevância – Outro aspecto destacado pela professora Janeslei sobre a importância de se resgatar a verdade sobre este período histórico vai muito além de se fazer justiças às vítimas do período. “O resgate da verdade é fundamental para a construção da democracia, pois ela é um processo. E é muito preocupante que quando estamos em uma luta como essa, vemos um ministro do Supremo Tribunal Federal, e com o papel que esta Corte tem, que é de ser uma guardiã da Constituição Federal, vem publicamente, em uma entrevista, e diz que a que a Ditadura Militar foi um mal necessário. Esta fala do ministro Marco Aurélio Mello é sinalizadora do quando temos que ainda lutar para democratizar todos os espaços de poder no nosso país. Democratizamos relativamente o Executivo. Democratizamos o Parlamento. Mas não conseguimos atingir, ainda, o Judiciário, o Sistema Prisional e o Poder Policial. Estes são passos importantes e  isto não será fácil, mas não podemos desaminar. Por isso precisa ter mais gente reafirmando que a democracia é um valor universal e que tem que ser defendido por todos”, avaliou.

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