A abertura da atividade, que integrou a programação da passagem da 63ª Caravana da Anistia por Curitiba foi feita pela presidenta da APP, a professora Marlei Fernandes de Carvalho. Segundo ela, foi uma imensa satisfação receber na casa dos trabalhadores e trabalhadoras da educação do Paraná, e em nome do Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, a Comissão Nacional da Anistia.
Além da presidenta da APP, também falaram ao público presente os vice-presidentes da Comissão, os conselheiros Egmar José de Oliveira e Sueli Belato. De acordo com eles, esta é a terceira Caravana que vem ao Estado e, desta vez, serão apreciados 52 requerimentos (47 de turma e 5 de plenário) apresentados por perseguidos políticos no Paraná. “É uma das maiores caravanas que já realizamos até hoje”, destacou Oliveira.
Livros – Na abertura, o poeta Manoel de Andrade, autor do livro ‘Poemas para a Liberdade’ recitou ‘Memória’, um poema que ele redigiu no exílio. O autor explicou que um dos poemas deste livro foi, na realidade, o motivo que o levou a deixar o país no final da década de 60 do século passado. A jornalista Teresa Urban também estava presente, autografando a obra ‘1968 – Ditadura Abaixo‘. Segundo ela, muito mais que um relato pessoal, o livro trata da história de uma geração.
“Tive o privilégio de fazer parte de uma geração que viveu intensamente um momento de mudanças internacional. Um acúmulo de vontade de viver que veio de uma geração nascida após uma grande guerra e que queria viver um outro mundo. Foi um privilégio. E repartir este privilégio com quem veio depois é uma obrigação”, justifica. Segundo a autora, conta esta história aos próprios netos também foi uma forte motivação.
“Eu devia este livro aos meus netos. Tenho um neto de 18 anos para quem não consegui redigir este livro quando ele ainda era pequeno. Assim, ele acabou sendo autor de uma introdução que me orgulha muito. Mas vieram outros netos e outras tantas gerações de crianças. E eu me imaginava construindo uma história de uma forma mais próxima da maneira como estes meninos e meninas se informam hoje. Daí resultou nessa mistura de texto, quadrinho, de música, de recortes da época. Enfim, é um livro que você lê de trás para frente e vice-versa. É uma espécie de exercício de liberdade de aprender”, descreve a autora, informando, inclusive, que o livro foi adotado em algumas escolas públicas de São Paulo.
Coleção Fórum, Justiça e Democracia – As duas obras que foram lançadas tratam de Justiça de Transição. O Volume 1 – “Os Direitos da Transição e a Democracia no Brasil” – são de autoria do presidente da Comissão de Anistia e Secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, e do governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro. O Volume 2 – “Justiça de Transição e Estado Constitucional de Direito” – é de autoria do coordenador-Geral de Memória Histórica da Comissão de Anistia, Marcelo Torelly.
Documentário – O final da programação da noite ficou por conta da exibição do documetário ‘Eu me lembro’, do diretor Luiz Fernando Lôbo. O filme apresenta o trabalho das Caravanas da Anistia, realizado nos últimos cinco anos em todo o país. O vídeo é resultado do projeto Marcas da Memória, que financia atividades culturais e de divulgação da Comissão de Anistia.