“O grande impacto das caravanas ao longo desses anos foi o de criar um estado de mobilização em todo o país, em torno do direito à memória, à verdade, à justiça e reparação, que não existia. Elas ajudaram a criar uma massa crítica social que assumiu para si a tarefa de aprofundar e exigir novas conquistas nessa agenda política da transição ainda pendente”, avaliou.
Segundo Abrão, o Brasil mudou. “Trabalhamos em um cenário muito distinto daquele quando as caravanas começaram. Hoje temos um país que assume a importância da memória, da luta contra o esquecimento e vemos muitos movimentos sociais, inclusive as novas gerações, reivindicando que exista um acerto de contas com a violência e os crimes da Ditadura Militar”, descreveu.
De acordo com o presidente da Comissão, os próximos passos já estão planejados. Entre eles está a criação de novas políticas públicas de memória, de forma que elas possam ser ofertadas de modo perene pelo Estado. “Está prevista a construção do Memorial da Anistia, em Belo Horizonte, e a implementação do projeto Clínica dos Testemunhos, que visa reparar as dores e os traumas que tanto a Comissão da Verdade, como a Comissão da Anistia e dos Mortos e Desaparecidos têm necessitado. Para que o país possa, então, se reencontrar com a sua própria história”, informou Abrão.