A doutora em Sociologia e presidente do Ipad, Marcilene Garcia (Lena), fez o curso de abertura com o tema “África mãe: saberes e tecnologias”. Ela trouxe a discussão da importância das contribuições da população negra para o desenvolvimento social e econômico do Brasil.
“Os povos originários de países africanos chegaram no nosso país com conhecimento de terminadas tecnologias que foram benéficas para o crescimento e é importante quebramos a invisibilidade dessa informação”, disse.
Entre as tecnologias citadas, explicou Lena, se destaca o conhecimento de técnicas para extração do ouro. Na agricultura, por exemplo, o conhecimento na produção do açúcar da cana (enquanto muitos lugares ainda utilizava-se o açúcar a partir da beterraba); outro exemplo trazido pelos africanos foram as técnicas do desenvolvimento da utilização do ferro, transformando o metal em ferramenta de trabalho.
A doutora sugeriu, ainda, que os professores tenham em seus locais de trabalhos os documentos que remetem à legislação que insere o ensino da cultura afro-brasileira e da história da África nas escolas, facilitando o diálogo sobre a necessidade deste trabalho.
“Interessante manter materiais para fácil acesso como a própria Constituição Federal, cujo artigo 5º remete a esses direitos de igualdade, e o Estatuto da Igualdade Racial, inclusive há uma versão de bolso disponível. Ter, também, as leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnico-raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Esses são documentos que devem ser consultados e divulgados”, cita.
Experiências do Estado – A chefe do Núcleo de Educação do Paraná de Londrina, Lucia Cortez, esteve presente ao encontro e comentou que o Estado vem trabalhando a temática por meio das equipes multidisciplinares nos Colégios. “Acredito na relevância dessas discussões. E acredito muito na mobilização das entidades envolvendo todos nesse processo de educação para as relações étnico-raciais. Essas ações devem ser discutidas o tempo todo, e aos poucos vamos avançando e mudando essa cultura de discriminação”, avalia.
Apoios e contribuições – Realizar um evento com 15 dias de atividades não é tarefa fácil. E esse processo só foi possível graças ao apoio dos parceiros e da contribuição da Caixa. O gerente de atendimento da regional norte do Paraná, Luiz Gastão Pinto Junior, integrou a mesa de abertura e comentou a satisfação da instituição de contribuir para essa relevante temática para a sociedade brasileira.
“Nos 150 anos de atividades da Caixa, ela sempre esteve diretamente ligada às temáticas sociais, coordenando e apoiando projetos importantes para o país, tanto com enfoque social, cultural ou esportivo. É certo que nos 5.500 municípios do Brasil, vários eventos foram realizados com incentivo da Caixa, que está diretamente alinhada com as necessidades da população e esperamos que isso continue por mais 150 anos, pelo menos ou mais”, disse.
A importância do jovem no processo de mudança – Amanda Lima tem 16 anos e é estudante do ensino médio e integrou a mesa de abertura do evento, dividindo espaço com lideranças do movimento social negro e representantes das entidades públicas. A jovem, que é vice-presidente do grêmio estudantil do colégio Colégio Estadual Marcelino Champagnat, disse que ficou encantada com todas as informações que recebeu nas oito horas de curso com a doutora Lena Garcia, e que pensa em transmitir essas informações aos estudantes “Quero participar de mais encontros e poder obter maior aprofundamento na temática”, disse a jovem.
E o encontro com a juventude terá continuidade – Hoje (12), o encontro é no Colégio Estadual Carrão na cidade de Assaí. São 17 mil habitantes na cidade, que fica há 50 km de Londrina. A diretora de Municipais da APP -Sindicato e professora do Colégio, Zélia Del Amaral, disse que a escola integra a programação do simpósio deste a primeira edição. “Acredito que é essencial esse debate para os alunos, para os jovens mais precisamente, podemos falar das políticas de cotas e ir além em outras temáticas, quebrando preconceitos”, afirmou.
A palestra ocorre às 19h30, no Colégio Estadual Carrão, com seguinte tema: “Experiências a partir da Lei 10.639/2003”. O endereço da escola é: Rua Riichita Tewaki, nº 755, Centro – Assaí (PR).
Texto de Eli Antonelli – www.londrinafro.blostpot.com