Audiência pública debate mulher negra no mercado de trabalho

Audiência pública debate mulher negra no mercado de trabalho


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Com informações da CUT-PR

 

O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado nesta terça-feira (20), ficou marcado no Paraná por uma audiência pública na Assembleia Legislativa, requisitada pela CUT-PR que discutiu as condições da mulher negra no mercado de trabalho. A avaliação feita foi de que é necessário fornecer condições para o desenvolvimento e oportunidades para a superação da histórica disparidade de gênero e raça que reduz a mulher negra a uma renda significativamente menor.

Esta grande diferença salarial foi um dos principais problemas apontados durante a audiência. Se comparada com a renda de um homem branco, em 2009, os rendimentos de uma mulher eram equivalentes a 70%. Os homens negros recebiam 58% e a diferença torna-se ainda maior quando comparados com mulheres negras, cujos salários representavam 40% do que um homem branco recebe pela mesma função.

“O que buscamos, a nossa luta do dia-a-dia na CUT é a luta pela igualdade, sobretudo de remuneração”, assegurou a presidenta da CUT-PR, Regina Cruz, durante a abertura da audiência pública. Para o coordenador da Agência do Trabalhador no Paraná, José Maurino de Oliveira Martins, esta situação é vergonha para um país como o Brasil. De acordo com ele, as diferenças não param no salário.

Nos dados do Sistema Nacional do Emprego (Sine) as vagas ofertadas com requisitos específicos colocam 44,7% de vagas para homens, 11,1% para mulheres e 44,3% o sexo é indiferente, o que reduz ainda mais as condições de igualdade da mulher negra no mercado de trabalho. “Todo mundo conhece o racismo no outro, mas não o racismo que está em si”, argumentou.

A representante do Dieese na audiência, Lenina Formaggi da Silva, apresentou estatísticas relacionadas aos estudos feitos pelo órgão. De acordo com ela hoje há 1,2 milhão de mulheres negras no Paraná e nos últimos dados computados, em 2010, apesar da taxa de desemprego estar caindo, a diferença mantém-se de acordo com o gênero e a raça. Cerca de 3% dos homens brancos estavam desempregados neste período enquanto 9% das mulheres negras encontravam-se na mesma condição. “A taxa de crescimento pode ajudar a reduzir estas desigualdades, mas as dificuldades estruturais permanecem”, avaliou.

Outro dado levantado pelo Dieese mostra que, na Capital, das 20 maiores ocupações, que concentram 50% dos postos de trabalho, as mulheres negras ocupam 70%. “Isso demonstra que quase não sobra ocupação fora destas 20 principais ocupações”, completa Lelina. Já a representante da Rede de Mulheres Negras do Paraná, Michely da Silva, alertou para que nem sempre a escolaridade pode reverter esta situação. “Apesar de ter mais tempo de estudos, as mulheres negras permanecem na base da pirâmide”, alertou.

Mobilização – Os participantes foram unânimes ao sentenciar a necessidade de uma mobilização constante para reverter o quadro apresentado durante a audiência pública. A secretária de Etnia e Raça da CUT-PR, Clotilde Vasconcelos, traçou um histórico das lutas da mulher negra no mercado de trabalho e cobrou uma mobilização constante para o tema. “Não podemos perder a oportunidade nestas discussões. O mercado de trabalho no Brasil é excludente”, sentenciou.

O deputado Tadeu Veneri (PT), que propôs a audiência pública, ressaltou a importância de fornecer igualdade de condições. Já a deputada Luciana Rafagnim (PT) destacou a dificuldade que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho, sobretudo quando são negras. “A discriminação contra a mulher negra é muito maior. Mas são ações como esta que vão diminuir o preconceito. Ainda há que discutir a violência física contra a mulher”, lembrou a deputada. Já o deputado Professor Lemos lembrou que um projeto de lei que colocava o dia 20 de novembro como feriado no Paraná foi rejeitado na Assembleia Legislativa.

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