Hoje pela manhã, foi realizado na sede da APP-Sindicato o II Seminário Estadual de Saúde Mental dos Trabalhadores em Educação promovido pela Secretaria de Saúde e Previdência da APP, em parceria com o Núcleo de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (Nesc-UFPR). O Seminário teve como proposta apresentar a pesquisa científica sobre a saúde mental dos educadores.
O objetivo do trabalha é mapear as doenças mentais e comportamentais que acometem professores da rede estadual do Paraná, indicando a relação com as suas condições de trabalho e comprovando cientificamente o nexo-causal da doença, que hoje não é reconhecido pela perícia médica do Estado.
Segundo o professor da UFPR, Guilherme Souza Cavalcanti de Albuquerque, a pesquisa também auxiliará na luta da categoria. “Esses professores terão então, mais capacidade de luta, de reivindicação, no sentido de tentar tornar o seu trabalho mais salutar e sua vida em geral também. Já que a pesquisa organizará esses dados e disponibilizará aos professores estas informações, vindas deles mesmos”, afirma.
A proposta surgiu porque as informações referentes à casos de adoecimento dos servidores públicos estaduais relacionados com o trabalho são de difícil acesso. Não há notificação, registro e sistematização adequada por parte da administração pública, o que acaba impedindo, dessa forma, o recebimento de benefícios trabalhistas os quais os servidores teriam direito.
O secretário de Saúde e Previdência da APP, professor Idemar Beki, exemplifica a importância de se ter o nexo-causal no serviço público. “Para se ter uma aposentadoria por invalidez integral, precisa-se provar a relação do adoecimento com as más condições de trabalho. É o que caracteriza a aposentadoria por invalidez ocupacional ou do trabalho”.
A metodologia da pesquisa se dará com a “aplicação de questionários tradicionais, mas também algumas oficinas para construção de matriz de processos críticos, um momento em que os professores relatarão as dificuldades e situações encontradas no seu dia a dia”, adianta o professor.
O professor Idemar Beki, detalha como serão realizados os estudos. “A pesquisa será por amostragem e vai abranger Curitiba e Região Metropolitana, num total de 29 municípios, 403 escolas e 18.500 professores consultados. Ao todo serão entrevistado aproximadamente seis mil professores, um valor que representa, 7,81% do total 76.795 professores da rede estadual do Paraná. Serão ouvidos professores estatutários e também os de contratos temporários”, esclarece o professor .
O método implica em identificar os processos que protegem e que contrapõe a saúde “elaborando um planejamento de atividades de enfrentamento destas questões, buscando combater os processos destrutivos e fomentar os processos protetores” defende Guilherme. Com os indicadores de avaliação os professores também poderão monitorar a sua própria condição, “se os processos destrutivos estão realmente desaparecendo e se os processos protetores da saúde estão melhorando”, conclui.
Já está tudo pronto para a pesquisa ser aplicada no retorno das férias de julho. As escolas foram definidas e escolha dos professores será aleatória no desenvolvimento do projeto.