Aberta ontem, a II Etapa do Curso de Formação da APP-Sindicato, que discute ‘Estado, educação e movimentos sociais na América Latina’, seguiu com sua programação na manhã desta segunda-feira (22), tendo cada um dos segmentos temáticos – funcionários de escola, juventude sindical e gênero, relações étnico-raciais e direitos LGBT – reunido-se à parte para tratar de temas próprios.
No segmento temático Funcionários de Escola, o debate foi sobre Educação na América Latina, com os diretores estaduais da APP Miguel Baez (Financeiro) e José Valdivino de Morais (Funcionários). Baez pontuou diferenças históricas entre a educação no Brasil e demais países da América Latina, como a presença mais decisiva dos jesuítas no país, bem como no Paraguai, e a demora na criação das universidades brasileiras. “Estas diferenças foram muito importantes na determinação da identidade dos países na sua conformação social, política e geográfica”, disse.
A secretária de Relações Internacionais da CNTE, Fátima Aparecida da Silva, falou para o segmento temático de gênero, relações étnico-raciais e direitos LGBT sobre “A escola como território de lutas no combate ao preconceito e à discriminação”. Segundo ela, os educadores têm um papel fundamental na superação de todos os tipos de preconceito.
Ainda de acordo com a secretária, cabe ao professor superar o senso comum e mostrar no seu trabalho cotidiano que há formas as mais diversas de preconceito. Fátima ainda defendeu as políticas compensatórias, alvo frequente de críticas pouco fundamentadas, ressaltando que devem ter caráter temporário. “Esperamos que essas políticas de inclusão, as políticas de cotas sejam políticas transitórias e que cheguemos a uma condição de equidade, de igualdade, que tenha corrigido estas diferenças sociais e econômicas”, disse. As atividades da manhã incluíram ainda leitura e debate de textos sobre diversidade sexual na educação.
Ao segmento da juventude sindical, Rafael Freire, da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA), falou sobre a organização da juventude sindical na América Latina. Ele apresentou um quadro da organização dos trabalhadores no continente, especialmente os jovens, e as propostas da CSA para atuação da juventude sindical nos níveis local, nacional e internacional.
De acordo com Freire, os desafios da juventude trabalhadora são diversos em cada país da região. Muitos deles têm uma realidade econômica bastante diferente do Brasil e nestes garantia do emprego e formalização do emprego para os jovens são demandas de primeira hora. Ainda segundo Freire, um dos desafios é construir uma estrutura sindical que atraia o jovem e, por outro lado, mesmo havendo grandes diferenças, realizar uma campanha articulada da juventude na América Latina.
Freire observou que a CUT, maior central sindical das Américas, tem política ativa internacional neste campo, com convênios bilaterais com organizações sindicais de países da América Latina, especialmente os de menor poder econômico – como Equador, El Salvador, Paraguai, Bolívia, Nicarágua, Honduras, entre outros –, para o fortalecimento do movimento sindical. Por estes convênios, a CUT leva a experiência sindical brasileira em segmentos como gênero, juventude, comunicação e organização para países de sindicalismo incipiente.
O auxílio não fica apenas no treinamento. A Central Única dos Trabalhadores dá um suporte financeiro às organizações dos outros países – o que, segundo Freire, é um retorno da aplicação recebida pela CUT no anos 80. “É uma forma de fazer o internacionalismo de maneira real – e não de discurso – e uma forma de usar bem os recursos que os nossos sindicatos contribuem mensalmente com a CUT”, disse Freire. Outra iniciativa é um programa específico com a CSA para fortalecimento de sua estrutura continental. Também com ajuda financeira, a CUT apoia a CSA a entrar em várias áreas da América Latina em que a estrutura própria da organização internacional não permitiria.
:: Veja programação completa no botão abaixo.