Tudo começou com um pequeno e isolado protesto em São Paulo, no começo de junho pela redução da passagem do transporte público. Em menos de 20 dias mais de um milhão de brasileiros, espalhados, ao mesmo tempo em quase 400 cidades do país saiam ás ruas. Diz-se que é a maior “onda” de manifestações já vista no Brasil.
Muitas das reivindicações foram atendidas, caíram reajustes aplicados ao transporte coletivo, em uma reação em cadeia que atingiu diversas cidades, incluindo grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Em três semanas, conseguiram modificar a agenda de trabalho e influenciar decisões dos governos federal, estaduais e municipais.
Em contrapartida vimos a repressão da polícia militar, a mídia partidária, manipuladora e parcial, um vandalismo travestido de indignação e muitos brasileiros saindo às ruas sem pauta clara, apenas “contra tudo e contra todos”. Foi quando os movimentos e entidades sociais se deram conta da sua importante contribuição para estas novas manifestações.
Percebendo a real motivação destas mobilizações, de uma constante e comum insatisfação dos rumos que o país tem tomado, é possível traçar algumas reivindicações muito fortes como a ampliação de recursos para as políticas sociais, além de uma mudança na organização política do país. A maior parte dos manifestantes nutre-se por um desejo de mudança e o desejo de uma participação mais efetiva da população nas decisões políticas da nação.
O papel dos movimentos sociais fica claro, quando se vê a necessidade de um aprofundamento no debate, para uma sistematização das pautas e elaboração de uma estratégia unificada de reivindicação.
APP nas ruas
Neste sentido, já que a presença nas ruas, historicamente, tem sido uma marca da APP-Sindicato e dos trabalhadores e trabalhadoras em educação do Paraná, é hora também de unir forças, principalmente na defesa de mais investimentos na educação.
Por várias vezes, com nobreza e firmeza, professores(as) e funcionários(as) têm dado nas ruas verdadeiras aulas de cidadania, a fim de levar aos governantes e a população geral a importância do investimento sólido na educação e na valorização dos seus profissionais.
No dia 26 de junho a APP se manifestou em nota pública sobre as manifestações, apoiando e colocando em pauta as reivindicações da categoria:
“Saudamos as manifestações que ocorrem no país e, ao mesmo tempo, demonstramos nossa satisfação em ver a defesa de mais investimentos na educação como uma das reivindicações presentes. Agora, o desafio de toda a sociedade brasileira é de transformar esta bandeira de luta em políticas e ações concretas para o fortalecimento da educação pública no Brasil. Para isto, nós professores e funcionários de escolas temos propostas concretas, construídas a partir de estudos, debates e das lutas históricas em defesa da educação pública de qualidade”.
Dentre as propostas se destacam a aprovação no Congresso Nacional do Plano Nacional de Educação, a destinação de 10% do PIB brasileiro para a educação, efetivação do pagamento do valor do Piso Nacional Profissional do Magistério em todos os estados e municípios, implementação da escola de tempo integral, dentre outras.
No dia 29 de junho a APP mobilizou a categoria para sair às ruas, em um ato unificado das organizações sociais de Curitiba. Os educadores se destacaram durante o ato e exigiram a valorização do trabalhador da educação, a isonomia salarial, 10% do PIB para a educação, a redução do número de alunos por sala de aula e educação no “padrão FIFA”, questionando o dinheiro gasto com a Copa.
Além disso, todas as reivindicações têm sido debatidas em todo país por ocasião da realização das conferências preparatórias a II Conferência Nacional de Educação, que ocorre em Brasília no mês de fevereiro de 2014. A APP tem acompanhado e participado em todo o Estado deste esforço coletivo do conjunto da sociedade em construir uma política educacional sólida e estratégica para o nosso país.
O país está em ebulição, um importante capítulo da história está sendo produzido, como resultado do alinhamento de diversas situações, desejos e inquietações populares. E é preciso levar nossas bandeiras de luta para as ruas. “Por isto conclamamos a toda comunidade escolar para fortalecer nossas bandeiras, a fim de que a luta pela melhoria da educação não seja apenas um discurso simpático e difuso de que a educação precisa melhorar. Queremos, e o Brasil precisa, de uma educação pública de qualidade!”, finaliza a nota postada no site da APP.