Foi lançado nesta quarta-feira (06), numa reunião na sede estadual da APP-Sindicato com a presença de mais de 100 lideranças, o comitê em defesa do feriado do Dia da Consciência Negra (20 de novembro) em Curitiba. Formado por mais de 20 entidades do movimento social negro, ONGs e sindicatos, como a APP, Sindicato dos Comerciários, CUT, Força Sindical, Terra de Direitos, o comitê se insurge contra a decisão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça que suspendeu o feriado municipal.
Aprovado pela Câmara Municipal no final de 2012 e vigente desde janeiro deste ano por meio da Lei 14.224/2013, o feriado foi uma grande conquista do movimento negro no Estado. No entanto, este marco foi contestado pela Associação Comercial do Paraná (ACP) e pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-PR), que foram à Justiça tentar impedir o feriado, que celebra a data da morte do herói Zumbi dos Palmares e a luta de reafirmação do povo negro.
Como parte da estratégia, o comitê definiu uma série de ações para denunciar a desconstrução da luta negra na cidade: no dia 12, às 13h, acontece um ato público em frente ao Tribunal de Justiça (na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico), seguida de caminhada até a sede da ACP, no Centro da Capital. Também será entregue à população uma carta de repúdio à atitude da ACP e do Sinduscon-PR e à decisão do Tribunal de Justiça. Ainda será fomentada uma campanha de boicote ao comércio, incentivando as pessoas a não fazer compras no dia 20 de novembro, caso a decisão não seja revertida a tempo.
Combate ao racismo – Partindo de uma agenda de reivindicações históricas, o Dia da Consciência Negra tem como objetivo combater o racismo institucional e estrutural muito presente ainda hoje na sociedade, trazendo um efetivo debate acerca da contribuição dos negros na história não só de Curitiba, mas de todo país. O feriado, em 2012, já era realidade em 1.047 municípios brasileiros, de acordo com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), mas na capital paranaense esta conquista tem incomodado principalmente a classe patronal em razão dos possíveis prejuízos financeiros que ela pode causar.