Professores sofrem com má qualidade do ambiente escolar

Professores sofrem com má qualidade do ambiente escolar


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Prestes a retornar às salas de aulas, professores das redes pública e privada preparam-se para reencontrar, também, um ambiente nem sempre tranquilo, como espera-se que seja o local para onde crianças e adolescentes são enviados para aprender. De acordo com docentes do ensino básico ouvidos pela FOLHA, a indisciplina e a falta de comprometimento de parte dos estudantes tumultua as aulas, atrapalha os alunos interessados no conteúdo e gera muita frustração nos profissionais. O cenário é agravado por condições de trabalho nem sempre adequadas, que incluem pressão por resultados, jornadas extensas e assédio moral.

O resultado desse ambiente reflete na saúde dos mestres. Relatório Estatístico de Doenças da Secretaria Estadual de Administração e Previdência (Seap) indicou que, em 2012, dos aproximadamente 76 mil professores do Quadro Próprio do Magistério (QPM), 9,55 mil foram afastados por transtornos mentais ou comportamentais, o que representa 12% do efetivo. Outros 5 mil profissionais se afastaram por doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo.

As queixas relativas ao ambiente escolar não são privilégio dos professores das escolas públicas. No Sindicato dos Professores das Escolas Particulares de Londrina e Norte do Paraná (Sinpro), será instalado um serviço de 0800 apenas para receber denúncias de assédio moral praticado contra os docentes.

Preocupada com a qualidade do ambiente das escolas, a Polícia Militar, através da Patrulha Escolar, elegeu o tema “resgate de valores” para trabalhar durante o ano letivo de 2014 nas dinâmicas que realiza com professores e estudantes. O capitão Walter João Marques Luiz, comandante da 4ª Companhia de Patrulha Escolar de Londrina, relata que a indisciplina e a falta de limites dos alunos têm impacto direto no bem-estar dos mestres. Segundo ele, desacato e ameaça aos professores lideram as causas de chamadas das viaturas da Patrulha Escolar às escolas, superando ocorrências como brigas, vandalismo ou drogas.

Diante da experiência adquirida no contato com a comunidade escolar, ele defende o desenvolvimento de um regulamento mais eficaz em relação ao que chama de punição pedagógica por indisciplina. “O aluno tem que entender as consequências dos próprios atos”, afirma, lembrando que os regimentos variam de escola para escola. “Lígia Fabris Berg, que coordenou a Patrulha Escolar até o ano passado, propôs que o regimento interno observasse a questão da punição pedagógica, aproveitando o erro do aluno para ensinar a todos os outros e abrindo espaço para que participassem da solução do problema”, diz.

O comandante observa que nas salas de aula, os professores em geral não têm mecanismos técnicos e pessoais para lidar com a mediação de conflitos. “As faculdades não abordam o tema nos cursos de formação”, observa. Segundo ele, a Patrulha Escolar é chamada inclusive para resolver problemas de indisciplina, o que, a princípio, não seria responsabilidade da polícia. “Por isso estamos investindo em palestras de formação para os diretores. As ocorrências diminuíram bastante depois que iniciamos esse trabalho. A maioria das chamadas que recebemos, atualmente, é relativo a reincidências”, conta.

Fonte: Folha Web

:: Confira outras matérias publicadas na Folha de Londrina sobre o assunto:

O secretário de Saúde e Previdência da APP-Sindicato, professor Idemar Vanderlei Beki em entrevista, fala da pesquisa que se realizará nas próximas semanas pela internet e que auxiliará para um diagnóstico mais preciso das causas de adoecimento dos(as) professores(as) da educação básica estadual.
Pesquisa em da Secretaria de Saúde e Previdência da APP, juntamente com o Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da UFPR convidam os(as) professoras(as) a participarem da pesquisa e conhecer um pouco mais sobre a sua saúde mental.
Dentre as causas do adoecimento dos(as) docentes está a indisciplina dos(as) alunos(as), que gera cansaço, estresse e frustração. Medidas estão sendo tomadas, entretanto o problema vai muito além, o grande número de alunos por sala, a falta de subsídios técnicos, a carga horária intensa, etc.

Vara da Juventude é um espaço para atender situações de desacato e ameaça aos(às) professores(as), mas as escolas não utilizam o serviço. Em entrevista, promotor explica a importância para o ambiente escolar a responsabilização do(a) aluno(a) quando casos assim acontecem.

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