Mulheres repudiam fala machista do deputado Valdir Rossoni

Mulheres repudiam fala machista do deputado Valdir Rossoni


null

A Marcha Mundial das Mulheres divulgou uma nota repudiando as declarações machistas, desrespeitosas e descabidas feitas na sessão desta terça-feira (25) pelo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) contra a sindicalista Elaine Rodella, secretária geral do SindiSaúde do Paraná. Leia, abaixo, a nota de repúdio:

Nota pública de repúdio da Marcha Mundial das Mulheres do Paraná às declarações machistas do Presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni

Nós, integrantes da Marcha Mundial das Mulheres do Paraná, queremos expressar veemente repúdio às declarações machistas do presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni, que se dirigiu a uma companheira sindicalista, durante sessão plenária do dia 25/02/14, com a seguinte expressão: “Que nervosinha. Imagina o que essa mulher faz com o marido em casa”.

A Presidência da ALEP confundiu “nervosismo” com a justa indignação de uma dirigente sindical – a presidenta do SindSaúde – e de toda uma categoria que ontem se manifestavam contra a privatização da Saúde expressa na aprovação da Fundação Estatal de Saúde.

É machista a fala do presidente da ALEP quando usa de expedientes como esse que jamais usaria se fosse um homem a lhe fazer o contraponto.

O patriarcado e o machismo atuam baseados em um repertório de simbologias, discursos, crenças e piadas que se concretizam na prática produzindo um mundo extremamente desigual. Não sabe o “nobre deputado” que o resultado disto é a violência sexista que a cada 15 segundos leva, no Brasil, uma mulher a sofrer algum tipo de violência? Saberia talvez que Paraná é o 3º no ranking nacional de feminicídio – os assassinatos de mulheres por seus ex-maridos e ex-namorados – e não há políticas públicas para coibir ou mesmo diminuir esses índices, nos levando a gritar alto e bom som que este Estado não se preocupa com a vida das mulheres paranaenses?

Nós mulheres continuamos ganhando em média 30% a menos do que os homens, mesmo quando realizamos a mesma função. Nós mulheres trabalhamos 16 horas semanais a mais do que os homens e ainda sim somos as mais pobres. Sim, o cuidado com a casa, filhos/as e com idosos/as estão sob nossa responsabilidade.

Nós mulheres estamos nas ocupações e empregos mais precarizados, inseguros e sem direitos. Nós mulheres ainda lutamos para ocupar os espaços de poder para que desta forma possamos contribuir para a transformação do mundo rumo à igualdade e emancipação. E precisamos lutar para que na condução desses processos sejamos tratadas com respeito e dignidade, o que não aconteceu ontem na Assembleia Legislativa do Paraná.

Nós mulheres lutamos contra o sistema patriarcal que nos condena ao espaço privado e nos exclui do espaço público. Ações de satirização como essa do deputado buscam nos desconstruir quando nos posicionamos política e publicamente. Repudiamos toda forma de manifestação machista e misógina que nos desconstrói como pessoas e nos oprimem.

A fala machista da presidência de um dos poderes constituídos do Paraná nos mostra, tristemente, o quanto ainda temos que lutar para a construção de um mundo onde as mulheres possam exercer sua autonomia e liberdade, uma sociedade sem opressão e exploração – de qualquer tipo. O machismo não tem a menor graça e a nossa luta pela ampliação da participação de mulheres nos espaços de poder não pode ser ridicularizada.

Às vésperas da principal data do calendário feminista – o Dia Internacional das Mulheres, 8 de março – nós, feministas, repudiamos as declarações do presidente da ALEP, assim como repudiamos a desigualdade e violência produzidas pelo machismo e o patriarcado em nossa sociedade. E exigimos imediata retratação pública.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

Marcha Mundial das Mulheres do Paraná

MENU