Do Sindaúde em greve
Quando comparamos o que dizem os trabalhadores sobre saúde pública com a opinião dos gestores e representantes do governo parece que existem duas realidades. De um lado, os gestores alegam que tudo vai bem e que os profissionais são valorizados. De outro, quem vive o dia-a-dia alega que não é nada disso, que a coisa vai de mal a pior e que os servidores estão indignados com essa gestão.
Mas não é difícil saber quem está falando a verdade. Certamente quem tem mais credibilidade é quem vive a rotina das unidades da Sesa, cada dia mais desgastante por falta de profissionais e falta de diversos outros componentes fundamentais para a vida nos hospitais.
Endividado, o governo não paga os fornecedores e isso afeta não só a vida dos usuários como também dificulta ainda mais o trabalhador que tem de improvisar para trabalhar.
Flagra 1– Veja um depoimento do secretário da Saúde, Michele Caputo:
“Vivemos um novo tempo e os indicadores de saúde mostram isso. E estas conquistas só foram possíveis com a readequação do orçamento às reais necessidades da área da Saúde(…)”.
Apesar do discurso do secretário, o que sabemos é que o governo não tem respeitado a lei que estabelece investimento de 12% do orçamento para a saúde. Ou seja, não tem nada de céu de brigadeiro. Existe, sim, uma gestão que não cumpre a Constituição Federal e Lei 141 de 2012 e que deve ao povo paranaense mais de 1 bilhão de reais para a área da saúde.
Flagra 2 – Outro representante da Secretaria dos contos de fada é o superintendente das unidades próprias da Sesa, Charles London. Ele diz:
“Quando assumimos em 2011, recebemos muitos hospitais sucateados e com déficit de profissionais. Hoje estamos trabalhando forte para reverter este quadro, investindo em obras, contratação de servidores e aquisição de equipamentos”.
Na prática, o que se vê é um Estado inerte, que assiste ao desespero de usuários e trabalhadores. A maioria das contratações só foi realizada depois de denúncias do sindicato ao Ministério Público Federal devido à acentuada falta de pessoal. Com relação ao investimento, o Estado demonstra muito mais apetite para investir nas instituições filantrópicas do que nas unidades próprias.
Fatos reais não faltam: após três anos de governo, o Centro de Reabilitação, o Hospital dos Campos Gerais, o Hospital do Sudoeste continuam com enfermarias e outros serviços completamente fechados. Por que o Hospital de Telêmaco Borba continua de portas fechadas?
Por que os trabalhadores têm de fazer horas extras para tapar os buracos da escala e da falta de equipe?
Flagra 3 – No discurso de posse Beto Richa disse :
“A vitória não nos deu o direito de errar; a vitória nos impõe o dever de acertar”. E mais: “Nunca os decepcionei. E não vou decepcioná-los agora!”.
Passados três anos e três meses da gestão, no dia 1º de abril de 2014, essas afirmações nem precisam de comentários.
Cai na real – Nossa greve é a melhor maneira de rebater todas essas cascatas ditas pelos representantes do governo. É o momento oportuno pra dizer que não acreditamos em nada disso. E mais: queremos que a saúde pública de qualidade deixe de fazer parte dos discursos e entre pra prática dessa gestão!
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