Ainda não era 10h da manhã de hoje, 23 de abril, – horário marcado para iniciar o Ato Público – e estudantes já caminhavam em direção a entrada do Palácio Iguaçu com faixas e gritos de apoio à greve dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola. “Essa luta também é nossa” estava escrito em um dos cartazes que carregavam enquanto gritavam “Ei governador, pague meu professor”.
A estudante do Colégio Estadual Santa Felicidade Daciane Grassi, explica que os(as) estudantes estão nesta luta para ajudar e pautar junto com os(as) educadores(as) o que é de direito. “Nós sentimos a precariedade da educação em nosso dia-a-dia na escola. Sem hora-atividade de qualidade, por exemplo, o professor fica desorganizado em sala de aula. Ele não tem tempo de fazer as atividades com mais coerência, isso só piora o nosso aprendizado”. Cerca de 40 alunos do C.E. Santa Felicidade participaram de toda a mobilização na parte da manhã.
A todo o momento chegavam ônibus lotados de educadores(as) para participar do ato que mesmo com a chuva, não intimidou a categoria. O professor de Sociologia do Colégio Estadual do Paraná, Afonso Cardoso fala da grande adesão dos(as) professores(as) e funcionários(as) do seu colégio e da organização dos seus alunos. “Nós imaginávamos que no inicio não seria tão forte, mas tivemos informação de que a adesão é de quase 100%, pouquíssimos professores compareceram hoje no colégio. Uma surpresa que nós tivemos foi a mobilização dos funcionários, os agentes I pararam quase todos. O grêmio estudantil já estava organizando desde a semana passada algumas discussões entre os alunos para que eles pudessem participar da greve e apoiasse a pauta, já que nela estão colocadas uma série de assuntos relativos a Educação pública no geral. Eles produziram faixas e hoje vieram para a mobilização também. O que mostra que a motivação da greve não é somente dos funcionários e professores”.
Durante a abertura do Ato Público, a presidenta da APP-Sindicato, professora Marlei Fernandes de Carvalho agradeceu a presença dos mais de 1 educadores e educadoras presentes no acampamento. “É uma demonstração de confiança, de unidade da nossa categoria, do respeito que nós temos à nossa profissão. Porque todo mundo entende que a pauta é justa. Quem interrompeu a negociação, quem não cumpre a lei, quem está fazendo com que esse acirramento só aumente é o próprio governo do Estado. O governo tem que ter a honra de negociar, de trazer proposta, de cumprir os compromissos. É isso o que essa categoria espera”.
Também presente na luta dos(as) trabalhadores(as) da Educação a Central Única dos Trabalhadores na pessoa da presidenta Regina Cruz ressalta a importância dessa greve para os trabalhadores em geral no Paraná. “A APP como sendo o maior sindicato filiado a CUT é muito importante para a nossa central essa greve, porque mostra o que o Estado não esta investindo em educação e em geral na política do trabalho decente. São vários sindicatos e seguimentos que estão descontentes com esse governo que não cumpre as suas pautas”, explica.
Outro ponto que tem feito toda a diferença nesta greve é a uso das novas tecnologias e das redes sociais. A comunicação com a categoria e com a sociedade em geral tem sido muito mais rápida e direta, é o que afirma o secretario de Comunicação da APP-Sindicato, professor Luiz Carlos Paixão da Rocha, “hoje não é preciso apenas o departamento de comunicação do sindicato divulgar a nossa greve, a nossa mobilização. Cada professor, cada funcionário pode fazer isso do seu próprio computador, do seu próprio celular e isso está dando uma motivação maior para a nossa luta. É uma militância virtual que reforça o nosso objetivo de garantir uma escola pública de qualidade e as redes sociais tem esse papel decisivo de mobilização da categoria. Começamos a greve com o pé direito, com quase 80% de adesão das escolas por todo o Estado. Enquanto o governo não apresenta uma resposta concreta para a categoria, nós vamos manter a greve com a força total”.
O acampamento em frente ao Palácio Iguaçu seguirá durante toda a greve que acontece por tempo indeterminado. Professores(as) e funcionários(as) estarão a todo o momento acampados e a espera de uma resposta do governo. Haverá uma programação política e cultural durante os dias de acampamento aberta a toda comunidade, como o lançamento do vídeo com depoimentos de professores(as) sobre suas experiências com o adoecimento e sofrimento mental no trabalho, no dia 23 às 20h e também o Seminário Estadual de Funcionários(as) no dia 25.