Coletivo DST/AIDS CNTE: ainda faltam oportunidades de capacitação

Coletivo DST/AIDS CNTE: ainda faltam oportunidades de capacitação


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No período de 19 a 21 de agosto, em Porto Velho (RO), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) realizou Encontro dos Coordenadores Nacionais do Projeto DST/AIDS. A APP-Sindicato participou da atividade, com a presença do assessor da Secretaria de Gênero, Relações Étnico-raciais e Direitos LGBT da entidade, Edvar Robson Padilha.

De acordo com a programação, o último dia foi especialmente dedicado a capacitar os participantes sobre a temática do “Protagonismo Juvenil”. Para essa capacitação, foram convidados Reynaldo de Azevedo e Filippo Almeida, que atuam em diversos segmentos e movimentos de promoção da saúde e dos direitos de adolescentes e jovens.

Leia, abaixo, a entrevista concedida ao Sintero pelos dois palestrantes. Eles avaliaram o papel da educação – e dos(as) educadores(as) – na prevenção e combate às DST/AIDS:

Com sua experiência, você tem encontrado educadores e educadoras preparados(as) para trabalhar as metodologias e garantir a essência de um programa participativo com os(as) adolescentes na idealização, planejamento e execução de ações de educação preventiva?

Filippo Almeida – No geral, encontro educadores que estão dispostos ou que pelo menos consideram importante trabalhar sexualidade e prevenção na sala de aula. O que falta, e ouço muito isso nas falas deles(as), são espaços e oportunidades que permitam sua capacitação para desenvolverem este tipo de trabalho. Quando tenho a oportunidade de estar com eles(as) nestes espaços, é visível a empolgação para replicar as metodologias.

Reynaldo de Azevedo – Este encontro possibilitou a troca de experiência e o intercâmbio de possibilidades para efetivação de um projeto onde os adolescentes e jovens sejam também atores das ações. É visível o interesse dos educadores e educadoras em consolidar um projeto participativo que tenha adolescentes como idealizadores e deliberadores de ações nas suas escolas ou localidades.

Qual proposta de trabalho você considera viável para a educação preventiva e promoção da saúde sexual e reprodutiva do(da) adolescente no ambiente escolar?

Filippo Almeida – Em primeiro lugar, compreender que trata-se de um direito. Acredito que investir no empoderamento e no protagonismo seja a melhor escolha. Capacitar os(as) professores(as) para atuarem como promotores da SSR de adolescentes e jovens é de longe um investimento que a credito que funciona. Precisamos reinventar nossa forma de educar e de falar sobre prevenção, tudo isso, é claro, tendo adolescentes no processo todo.

Reynaldo de Azevedo – A educação entre pares é uma metodologia que possibilita otimizar as ações e também transitar em diversas temáticas, tanto na prevenção das DTS, HIV/Aids, na promoção da saúde sexual e reprodutiva, sexualidade, entre outras. Porque na educação entre pares nós compreendemos as demandas e necessidades dos adolescentes o que possibilita que o adolescente se torne multiplicador dentro da sua realidade.

O que muda quando o(a) adolescente tem oportunidade de trabalhar como autor no desenvolvimento de atividades de valorização da própria saúde sexual e reprodutiva?

Filippo Almeida – A responsabilização dele ou dela sobre o próprio corpo. Trabalhar saúde sexual e reprodutiva como um direito permite cobrar o compromisso frente a esses diretos. O maior fator de proteção e redutor de vulnerabilidade é quando o jovem se reconhece como sujeito de mudança e passa a construir uma realidade melhor.

Reynaldo de Azevedo – Possibilita ao adolescente o senso crítico, quando o adolescente se apropria de suas lutas e necessidades as demandas que são deliberadas são mais consistentes e verídicas. Quando o adolescente começa a trabalhar como autor no desenvolvimento das atividades ele consegue atingir mais adolescentes.

Qual mensagem você deixa para este coletivo da CNTE?

Filippo Almeida – Agradeço imensamente o convite. Estar esses dias com profissionais de todo o Brasil foi uma experiência sensacional. O espaço que a CNTE proporcionou é o que precisamos para construir políticas de educação integral em sexualidade no Brasil. A escola tem um papel fundamental na reconstrução de um novo conceito de sexualidade, onde cada adolescente e jovem possa ser aquilo que seu desejo lhe motiva a ser.

Reynaldo de Azevedo – Parabenizo a equipe da CNTE que organizou brilhantemente todas as ações, conciliando espaços de formação e planejamento. Abrindo espaço para o diálogo direto entre adolescentes, jovens e educadores, apresentando possibilidades de execução de trabalhos localmente. Que esses espaços de formação nunca faltem.

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