No dia 7 de setembro, próximo domingo, será realizada no Parque da Pedreira em Rio Azul, a 12º Feira Regional de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade. Organizada por agricultores e agricultoras agroecologistas das regiões Centro Sul do Paraná e Planalto Norte Catarinense, a feira será um momento de dialogo, reflexão e comemoração, onde a partir de experiências práticas, conhecimentos e ações, haverá o compartilhamento de sementes crioulas. Estas sementes simbolizam o sentimento de fraternidade, prosperidade e projetam o futuro da agricultura regional.
A feira terá como objetivo incentivar a conservação e multiplicação das espécies de sementes crioulas e da agrobiodiversidade; oportunizar a troca de experiências entre as famílias e das sementes de diversas espécies crioulas; valorizar a cultura das famílias agricultoras; expor as sementes recuperadas e preservadas pelas famílias durante anos nas comunidades de nossa região; e intensificar a produção de sementes e espécies de diversos cultivos, garantindo a autonomia e o autoconsumo familiar.
Segundo o agricultor familiar e jovem rural da região de Bituruna, Leandro Batista de Oliveira trabalhar com agrobiodiversidade é pensar no futuro, nos filhos e netos. “A agrobiodiversidade é agroecologia, é produzir alimento, mas produzir não só o produto, produzir vida, qualidade de vida para quem está trabalhando. Não adianta pensar só no momento, precisamos preservar o meio ambiente e não só extrair o produto”. Para ele todo o processo da agroecologia é um modo de lutar contra o agronegócio. “Nossa produção visa aproveitar os recursos naturais renováveis. Hoje há uma dependência do químico que é prejudicial a saúde e não é renovável. Então nós temos uma briga muito grande com os ruralista, os latifundiários, que tentam tirar o nosso povo das pequenas terras para comprá-las. É através destas cooperativas, da agroecologia e dos orgânicos que nós trazemos todo um processo de respeito a vida”, explica Leandro.
Sementes Crioulas – Durante séculos se falava apenas em sementes e/ou mudas pois toda semente era naturalmente o resultado do trabalho dos agricultores familiares. No século passado, empresas começaram a modificar as variedades usadas pelos agricultores e vendê-las como sementes “melhoradas”. Trata-se em grande parte de sementes híbridas ou transgênicas que o agricultor não pode multiplicar e preservar na propriedade.
Leandro defende a importância do cultivo das sementes crioulas para que a variedade e as características únicas das sementes de cada região sejam preservadas. “A semente crioula não aparece na mídia e tentam esconder no máximo a situação. O agronegócio vem acabando com as variedades genéticas. Eles implantam uma semente que vai trazer a praga para a lavoura, assim eles poderem vender o produto, o veneno para ser aplicado e também a assistência técnica. O mais absurdo é que se você pegar essa semente que o agronegócio vende ela não vai ser fértil. Eles têm assim, o controle total da semente. Nós não podemos deixar o agricultor se tornar um refém do agronegócio”.
As sementes crioulas são o conjunto de sementes e mudas livres, reproduzidas e mantidas pelas famílias camponesas. É esse cuidado com as sementes que levou à agrobiodiversidade atual e que permitirá que os filhos dos(as) agricultores(as) tenham sementes livres e possam se alimentar de maneira saudável.
Histórico da Feira – Em um encontro municipal de mulheres agricultoras, realizado em 1 999 na comunidade de Pinhalão, município de União da Vitória, foi concebida a ideia de criar uma Feira de Sementes Crioulas para favorecer o livre intercambio das variedades entre as famílias e comunidades. Desde então, as feiras municipais e regionais são realizadas anualmente, frente ao seu grande potencial mobilizador, e metodologia das feiras de biodiversidade foram incorporadas por movimentos e organizações atuantes em varias regiões do país.
Durante a feira acontecerá o 1 ° Encontro Estadual da Juventude Rural que discutirá a identidade desta juventude rural tendo em vista o grande esvaziamento do campo em busca de outras oportunidades na cidade grande. É preciso condições favoráveis e estímulos para que a Agricultura Familiar continue existindo. Por isso, venha, participe! Vamos construir este debate com otimismo e disposição. Também acontecerá 1 ° Encontro Municipal de Mulheres que busca ser um momento de socializar e discutir as experiências que vem ocorrendo no município relacionadas as mulheres e suas organizações, bem como, conhecer as políticas nacional e estadual voltada a esse público.
Data: 07 de setembro de 2014
Horário: a partir das 8h30
Local: município de RIO AZUL, Parque da Pedreira.
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