Educadores e educadoras, em sua maioria professores(as) dos Ceebjas e da Educação Prisional, estão em Curitiba para a reunião estadual sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA). O encontro, organizado pela APP-Sindicato, acontece nesta sexta-feira (11), na sede da entidade, e tem como objetivo central a construção de argumentos e propostas que embasarão a categoria no enfrentamento das normativas 008/2013 e 002/2014 apresentadas pelo atual governo do Estado.
Desde dezembro do ano passado, quando houve o anúncio da primeira normativa que fechava turmas e dificultava o acesso de jovens e adultos às escolas, o Sindicato se adianta em organizar debates democráticos e atos públicos para demonstrar o descontentamento da categoria com a medida. De lá para cá, uma série de reuniões entre a direção estadual da APP e representantes da Secretaria Estadual de de Educação (Seed) foram feitas na intenção de reverter a precarização da oferta de ensino e das condições de trabalho dos(as) educadores(as) nessa modalidade.
O governo vem ignorando os problemas apontados por quem atua diretamente no ensino destes alunos e alunas e, agora em 2014, assinalou novamente, com a normativa 002/2014 qual sua intenção para a EJA: desmontar a oferta, a organização, o acesso e a permanência daqueles(as) que estudam ou desejam retomar seus estudos. Para a Seed, a oferta combinada de educação à distância (EaD) – para os(as) privados(as) de liberdade e, talvez, também para a oferta regular – seria a melhor medida pedagógica.
A APP entende que a implementação dificultaria ainda mais a oferta pública de um ensino com qualidade aos(às) estudantes e, ainda, acarretaria na precarização das condições de trabalho daqueles e daquelas que trabalham nestes centros e escolas, prisionais ou não.
O professor Celso Correa Junior, docente da educação prisional em Cascavel, no oeste do Paraná alerta que a medida pode ser uma solução prejudicial. “Em alguns casos específicos, o ensino à distância pode ser uma alternativa para o aluno excluído da sociedade, mas essa não pode ser uma solução aplicada para todo e qualquer adulto que queira concluir seus estudos”, salienta o professor.
“Hoje , em nossa sociedade, o adulto incorpora a responsabilidade por não ter estudado. A não oferta de turmas de Educação para este grupo específico, estimula um grande preconceito social e contribui para o analfabetismo”, evidenciou a professora Maria Aparecida Zanotto, especialista em Filosofia da Educação em sua fala no período da manhã.
A especialista reforçou que a EJA deve ser garantida como uma política pública para assegurar a acolhida dos jovens e adultos. “O jovem adulto e trabalhador trás um aparato de vida e de conhecimento. É um ser com saberes, com experiências e com vivências muito mais amplas e que nós, educadores, precisamos ter condições pedagógicas de transmitir o conteúdo”, comenta a professora ao defender uma das posições centrais do Sindicato neste impasse: o da valorização do individual em detrimento à aglutinação em um coletivo.
À tarde, os(as) educadores(as) continuarão o debate e farão considerações sobre o tema. A secretária educacional da APP, professora Walkíria Olegária Mazeto, avalia o processo destas primeiras horas da reunião. “A Seed anunciou que há intenção da alterar a proposta para 2015, nós estamos aqui para assinalar e reforçar, mais uma vez, o que não queremos e priorizar o que queremos. Pautados nesta defesa, vamos revisitar nossas necessidades e organizar nossas revindicações”, adianta a secretária.