07/11/2008 – Em passeata pelas ruas centrais de Curitiba, alunos, professores e funcionários do Instituto Erasmo Pilloto, localizado no Centro de Curitiba, além de amigos e familiares de Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre pediram paz e justiça pela morte da aluna. O corpo da menina de 9 anos foi encontrado na madrugada de quarta-feira (05/10) dentro de uma mala abandonada na rodoviária de Curitiba, com sinais de violência sexual e estrangulamento.
A Polícia Militar (PM) acompanhou a mobilização e estimou que participaram da passeata pelo menos mil pessoas. O grupo saiu às 10h30 da frente do colégio, na Rua Emiliano Perneta, 92, local onde a menina foi vista pela última vez, e caminhou em completo silêncio, com camisetas, cartazes e faixas em homenagem à Rachel. Algumas crianças carregam flores.
A passeata seguiu pelo calçadão da Rua XV de Novembro e terminou em frente a UFPR, na Praça Santos Andrade. Nesta sexta-feira, (07/11), os 1,5 mil alunos foram dispensados das aulas após o intervalo. Muitos colegas de Rachel se emocionaram durante a passeata.
A presidente da APP, Marlei Fernandes de Carvalho, no final da passeata, conversou com os pais da estudante assassinada e se solidarizou à família. Ela disse lamentar muito o que aconteceu e se colocou a disposição para pedir justiça. “Esta é a hora de exigir políticas públicas mais eficazes que acabem com a violência contra a mulher e punam com mais rigor os crimes de pedofilia”, disse a presidente.
O pai da menina, Michael Genofre, agradeceu o apoio.
Antes da passeata ele declarou à imprensa que apesar de estar separado da mãe da menina há cerca de oito anos, tinha uma relação muito saudável com a filha. ‘Eu amava ela, ela me amava. Era uma ligação de princípios, de valores’, disse.
A mãe da menina é professora da rede municipal. Maria Cristina Lobo ainda está muito abalada e não fala sobre o crime. Rachel estava desaparecida desde as 17h30 de segunda-feira (03/10), quando saiu do Instituto de Educação, onde estudava. A menina ia e voltava todos os dias sozinha da Vila Guaíra, onde morava, até a escola, de ônibus. O desaparecimento já estava sendo investigado pelo Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride).
A mala com o corpo da menina foi encontrada embaixo de uma das escadas do setor de transporte estadual. O corpo estava inteiro, ainda com o uniforme do Instituto de Educação e apresentava sinais de estrangulamento. Os médicos do IML confirmaram que a menina sofreu violência sexual.
Rachel cursava a 4ª série no Instituto de Educação. Em outubro de 2007, quando estava na 3.ª série, ela ganhou o terceiro lugar no 13.º Concurso Infanto-Juvenil de Redação, promovido pela Seção Infantil da Biblioteca Pública do Paraná. Este ano recebeu o primeiro prêmio no mesmo concurso.
O corpo de Rachel foi enterrado ontem (06/10) por volta das 10h30 no Cemitério Santa Cândida. O sepultamento foi acompanhado por mais de 100 pessoas, entre amigos, colegas de escola e familiares. Crianças carregavam faixas em homenagem à menina.
Para a APP-Sindicato, neste momento de imensa dor é importante enfatizar que a violência sexual e a violência infantil devem ser combatidas com políticas públicas que realmente enfrentem este problema social.
A secretária educacional Janeslei Albuquerque falou sobre o crime durante o curso “Corpo, Gênero e Sexualidade na Educação’, realizado em Ivaiporã. “A História da Mulher é uma história por ser contada, assim como a legitimação da violência contra nossos corpos e contra tudo que seja identificado como sendo do universo simbólico feminino. Nesses últimos dias, Eloá, criança de quinze anos que ousou dizer não a uma relação que já não a fazia feliz. E agora, Rachel, criança de 9 anos que sequer pôde dizer não”, continuou ela.
“Estou certa que a morte de mais essa criança e o cenário de violência que só faz aumentar em Curitiba nos últimos vinte, trinta anos, nos colocam o desafio de olhar para essa cidade para além do cartão postal que a administração municipal tem insistido em colocar no lugar das cenas reais de uma capital que passou do 22° lugar no ranking da violência nacional em 1988, para o 7° lugar em 2006.A violência contra os jovens e crianças em Curitiba e a violência dirigida contra as meninas, as mulheres, devem ser objeto de nossas reflexões, estudos e, sobretudo, das nossas ações”, finalizou Janeslei.
Retrato Falado do Agressor
A Delegacia de Homicídios de Curitiba divulgou, por volta das 11h30 desta sexta-feira (07/11), o retrato falado de um suspeito de participar do assassinato da menina Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre, de 9 anos.
A reprodução da imagem será divulgada em todos os veículos de comunicação. Segundo a polícia, o suspeito tem entre 45 e 50 anos, pele morena clara, cabelo curto negro ou castanho claro. Os policiais estimam que ele tenha cerca de 1,68 de altura e 70 quilos. O desenho segue a descrição feita por um comerciante que vendeu uma mala semelhante àquela em que foi encontrado o corpo da menina pouco antes do crime ser descoberto.
Em entrevista coletiva, o delegado-titular da Delegacia de Homicídios, Jaime da Luz, disse que a polícia investiga outras pessoas, inclusive de outras regiões do estado, que têm antecedentes criminais em ocorrências semelhantes à da morte de Rachel. Segundo ele, estão sendo ouvidas testemunhas que tinham contato com a menina nas regiões da cidade por onde ela passava. O delegado encerrou a coletiva informando que a investigação corre sob sigilo e que não pode divulgar mais detalhes sobre o caso.
Quem tiver informações que possam ajudar nas investigações sobre o assassinato de Rachel pode entrar em contato com a Delegacia de Homicídios pelos telefones 3363-0121 e 3363-1518. A identidade do informante será mantida em sigilo.
APP se solidariza à família da estudante assassinada Rachel Maria, de 9 a
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