A saúde do trabalhador em educação tem que ser prioridade

A saúde do trabalhador em educação tem que ser prioridade


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“A saúde do profissional de educação tem que ser pauta prioritária da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação”, destacou o Secretário Geral da CNTE, Denílson Bento da Costa, ao abrir nesta terça-feira (17) o Seminário Nacional Saúde dos Trabalhadores em Educação, em Brasília. Segundo ele, este é o primeiro seminário que a Confederação promove sobre o tema e a intenção é justamente conhecer a realidade nos estados para discussão e elaboração de políticas de prevenção.

 

O secretário de Saúde e Previdência da APP-Sindicato, Idemar Beki, esteve presente no evento  e acompanhou a  Mesa “Saúde e Cidadania no trabalho escolar: do real ao necessário”. Nesta, a supervisora técnica do Escritório do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) em São Paulo, Eliana Elias, apresentou uma pesquisa realizada com cerca de 1.600 professores do ensino fundamental e médio da rede Estadual de São Paulo pela APEOESP/DIEESE sobre o perfil e as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores.

 

No item Causa de Sofrimento ou Incômodo, a superlotação das salas de aula foi apontada por mais de 87% dos entrevistados como o maior indicador de agravo à saúde e bem estar do professor. Em seguida, apareceu falta de material didático (67%), dificuldades de aprendizagem dos alunos (66%) e jornada de trabalho excessiva (64%).

 

Adoecimento dos professores – Já no item Saúde e Adoecimento dos Professores, o cansaço foi a principal queixa de 80% dos pesquisados, vindo depois o nervosismo (61%), problemas da voz (58%) e dores nas pernas (56%). Quanto aos Distúrbios Mentais e Comportamentais, o estresse foi citado por 46% dos professores como o principal diagnóstico.

 

Para Eliana Elias, a pesquisa é de 2003, mas permanece muito atual uma vez que em seis anos nada mudou. Muito pelo contrário, piorou em decorrência da intensificação do ritmo do trabalho e do maior nível de exigência e desempenho que os professores vêm enfrentando nos últimos anos.

 

Eliana disse ainda que diante de tantas denúncias referentes ao adoecimento do professor está na hora de se dar um passo mais adiante quanto à organização sindical. “É preciso sair dessa relação de denúncia e partir para a ação sindical no ponto de vista de como levar efetivamente essa questão da saúde do trabalhador para a pauta de reivindicação”.

 

Defendeu a necessidade de se formar dirigentes e profissionais de educação para debater e dialogar sobre o tema. E acrescentou: “A gente sabe que nada é fácil quando e fala em   negociação, mas o setor da educação tem muita história de luta para provar que pode avançar nesse sentido”.

 

Transtorno mental – O professor Herval Pina Ribeiro da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também participou da mesa e relatou que o transtorno mental dos professores não diverge do que está acontecendo com os trabalhadores de maneira geral, o processo de adoecimento é o mesmo processo de praticamente todas as categorias. “Os professores estão sofrendo das mesmas doenças que os trabalhadores das fábricas de automóvel”.  Ele citou como exemplo os problemas de voz e os causados pelo sedentarismo.

 

Segundo o professor, “no Brasil, até a segunda metade do Século XX, os transtornos da voz eram eventuais e individuais. Com o passar do tempo e com o crescimento do número de professores afastados das salas de aula, começaram a receber atenção dos administradores públicos do ensino”. Mas, de um tempo para cá, esses transtornos aumentaram e se transformaram, além de um problema coletivo de saúde dos professores, num problema social uma vez que há necessidade de substituir o profissional.

 

Pina Ribeiro contou que problema continuou aumentando e atingiu os operadores de telemarketing que, infelizmente, passaram a ser acusados de não querer trabalhar situação parecida aos profissionais de educação. Na opinião do professor, “de hábito, na condição de empregadores, os Estado e as empresas não se responsabilizam pelo adoecimento de seus empregados”. Ele informou que após vários relatos em congressos e seminários, os especialistas chegaram a conclusão que os transtornos da voz eram de responsabilidade do trabalhador por não se cuidar nem utilizar a voz adequadamente.

 

De acordo com Herval Pina Ribeiro, outras doenças atingem o profissional de educação, como as provocadas pelo pó de giz, pelo ruído em sala de aula, o duplo emprego e jornadas excessiva de trabalho. Por isso é necessário que haja uma mediação entre trabalho e doença do trabalho.

O I Seminário Nacional “Saúde dos Trabalhadores em Educação” foi encerrado nesta quinta-feira (19), em Brasília. As principais propostas apresentadas serão agora encaminhadas à próxima reunião da Executiva da CNTE para avaliação.

 

Com informações da CNTE

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