Sociedade faz protesto contra corrupção em frente à Assembleia APP-Sindicato

Sociedade faz protesto contra corrupção em frente à Assembleia


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A corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná voltou a fazer parte da luta dos movimentos sindical, estudantil e social e da sociedade de modo geral. No início da tarde desta quarta-feira (14), o movimento Caça-Fantasma voltou às ruas para cobrar a punição dos parlamentares envolvidos nos escândalo dos atos secretos da Alep. Os manifestantes querem o afastamento da mesa-diretora e do deputado Nelson Justus (DEM) da presidência da Assembleia por conta das denúncias apresentadas na mídia paranaense.

 

Cerca de 600 pessoas ligadas aos movimentos sindical e estudantil participaram do ato público em frente à Assembleia legislativa ocorrido nesta manhã em Curitiba. O local foi o ponto final da passeata organizada pela União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), a União Paranaense dos Estudantes (UPE), a União Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT), além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que está realizando a jornada de lutas em Curitiba.

 

De acordo com a secretária de Política Sociais da APP-Sindicato, Silvana Prestes, os representantes dos movimentos sociais que estiveram presentes na atividade protocolaram uma carta de reivindicação no Ministério Público (MP), no Tribunal de Contas (TC) e na Assembleia. Entre as solicitações descritas no documento estão o afastamento te toda a mesa diretora, a exoneração de funcionários ‘fantasmas’, a devolução de direito pago aos ‘fantasmas’ aos cofres públicos e uma auditoria externa dos últimos dez anos das atividades da Alep, além da saída do deputado Nelson.

 

“O ato foi importante, pois com essa carta a intenção dos movimentos sociais envolvidos é mobilizar a sociedade paranaense sobre o que está acontecendo na Assembleia. Hoje, às 18 horas, no Centro Che, haverá a primeira reunião do Fórum Paranaense pela Reforma Política pautada pelos movimentos sociais e contra a corrupção na Alep. Estamos organizados e vamos continuar na luta, afinal, fomos nós que elegemos essas pessoas e somos nós quem podemos tirá-las”, explicou.

 

Para o diretor de Imprensa da APP, Luiz Carlos Paixão da Rocha, os educadores do Paraná defendem que todas as denúncias sejam investigadas até o final e que os envolvidos sejam punidos. Os representantes da APP levaram para o ato a indignação da categoria frente aos processos de corrupção e desmandos presentes na Assembleia.

 

“Não podemos apenas ficar à mercê da grande mídia. Precisamos dar um salto de qualidade. Não podemos concordar com o que esta acontecendo. Sonhamos com uma sociedade em que a justiça e a solidariedade sejam uma marca. Uma mãe que pega um litro de leite para alimentar o seu filho em um supermercado é presa de acordo com a lei. Não queremos que haja tratamento diferenciado para ricos e pobres, cidadãos ou parlamentares. Por isso estamos juntos com os movimentos sociais na defesa de uma ampla reforma política no país. Uma reforma que entre outros pontos institua o financiamento público das campanhas políticas”, defendeu.

 

A presidente da APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, ressaltou a importância do afastamento da mesa diretora, o ressarcimento do dinheiro aos cofres públicos e a apuração das denúncias o mais rápido possível por parte do Ministério Publico do Paraná e de todos os órgãos competentes que acompanham o caso. “A mobilização vem crescendo e exige uma postura do Ministério Publico para que responda a toda à sociedade paranaense para onde foi todo o dinheiro público desviado”, concluiu. Além dos secretários citados, estiveram presentes na atividade a secretária de Gênero e Igualdade Racial, Lirani Maria Franco e a secretaria Educacional, Janeslei Albuquerque, além de assessores.

 

Caça-fantasmas – A mobilização do movimento “Caça-Fantasmas” teve início por volta das 9h30 na Praça Santos Andrade. O movimento é formado por diversas entidades da sociedade civil organizada, CUT e vários sindicatos filiados e foi criado para combater a corrupção na Alep. Este é o terceiro ato público realizado pelo grupo.

 

Carta dos Movimentos Sociais aos paranaenses e seus supostos representantes

 

“A cada ano as denúncias de corrupção nos governos se repetem: as prefeituras, câmaras municipais e Assembleia Legislativa não cumprem a função de representação do povo, pelo contrário, lesam a população. O dinheiro desviado faz falta para setores estratégicos e necessários à sociedade, como a saúde, educação pública, habitação popular, transporte coletivo e reforma agrária.

 

Durante as últimas semanas uma série de denúncias trouxe à tona uma notícia que não é surpresa para ninguém: o mau uso do dinheiro público na Assembleia Legislativa do Paraná. A existência de mais de 600 funcionários fantasmas foi comprovada. No entanto, não foi novidade nenhuma para quem acompanha, ainda que pouco, a política paranaense. As primeiras denúncias de contratações irregulares surgiram nas eleições de 2008. A denúncia era vinculada ao prefeito Beto Richa, que durante anos empregou a sogra do seu chefe de gabinete na Assembleia Legislativa.

 

Os movimentos sociais já deram a primeira resposta para a crise de corrupção que envolve a Assembleia há anos. As mobilizações já realizadas reivindicaram um novo modelo de representação pública necessário. Mesmo assim, nenhuma resposta satisfatória sobre o caso foi dada por parte dos parlamentares.

 

Portanto, os movimentos sociais exigem que o Ministério Público do Paraná, Tribunal de Contas do Estado e a Política Federam cumpram com suas funções de fiscalização, apurando e julgando os fatos denunciados.

 

Também exigimos uma auditoria pública independente, sem qualquer interferência dos parlamentares, com participação de representantes da sociedade civil organizada, a fim de investigar a fundo as contas da Alep dos últimos anos, sobretudo nas gestões de Aníbal Kuri, Hermas Brandão e Nelson Justus.

 

Os movimentos sociais reivindicam o imediato afastamento da Mesa Diretora da Assembleia, pois os membros que a compõem já tiveram a oportunidade de promover a investigação e até o momento nada foi resolvido.

 

Apenas o afastamento dos funcionários fantasmas não basta! É necessária a exoneração de todos esses falsos empregados e diretores envolvidos. A cassação dos mandatos dos parlamentares que participaram dessa rede de corrupção é uma ação que toda a sociedade paranaense exige, a fim de que a moralidade finalmente impere na Casa de Leis. A devolução de todo o dinheiro desviado dos cofres públicos também faz parte do rol de reivindicações dos movimentos sociais.

 

Diante desta repudiável onda de corrupção na qual a Alep está envolvida, a sociedade civil organizada quer a realização de uma Audiência Pública, a ser realizada até o final do mês de abril, para a devida prestação de informações do Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia Federal sobre o andamento das investigações.

 

Os movimentos sociais conclamam todos os paranaenses que ainda não se engajaram nesta luta a participarem da construção do Fórum Paranaense pela Reforma Política Popular. Sem a organização da sociedade, a continuação dos atos de corrupção é iminente. É preciso cortas o mal pela raiz! O sistema eleitoral privilegia a classe dominante, os esquemas eleitorais e as campanhas milionárias. O atual modelo de democracia representativa está falido! Todos esses casos envolvendo a política paranaense comprovam a necessidade de uma profunda reforma no sistema.”

 

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