9º dia de Greve: chuva e formação cultural e política

9º dia de Greve: chuva e formação cultural e política


Quem chega ao acampamento da greve se espanta com tamanha organização. Tem sacos de lixo (orgânico e reciclável) para todos os lados, barracas enumeradas, comida (a maioria de doações) à vontade, placas informativas, barraca da saúde, biblioteca, cisterna ecológica (que utiliza a água da chuva), barraca do credenciamento e por aí vai. A cada dia que passa esse acampamento vai se transformando em uma grande casa, com uma família enorme.
 
Por aqui, mesmo com a chuva que tem deixado muita lama, ninguém fica parado(a). Caminhando por entre as barracas, manifestantes conversam em rodas de chimarrão, há quem passe o tempo com crochê, com um bom livro, ouvindo música, com jogos de carta ou aproveitando a agitada programação cultural e política preparada pela APP-Sindicato. 
 
Segundo a secretária de formação da APP, professora Janeleslei Albuquerque a idéia e que esta programação divirta, mas também forme. “É muito importante para as pessoas que estão aqui, ter uma programação permanente, que as mantenha interessadas e ocupadas, mas também que chame a reflexão crítica e que o processo de consciência avence ainda mais no meio desta luta de resistência, que é diferente da greve do ano passado. Ano passado foi uma greve de conquistas, essa grave é para não perder o que foi conquistado, tendo outra dinâmica e outra característica. A compreensão destes dois movimentos é muito importante, faz parte da formação política da nossa categoria”, afirma.
 
Na parte da manhã o professor da UNESPAR (que também estão acampados(as) aqui),  Stenio Jose Paulino coordenou uma oficina de expressão corporal com músicas afro e samba. A primeira atividade da tarde foi com o trio composto pela professora PSS e fisioterapeuta Dulce (voz e violão), pela pedagoga Saralys (voz e percussão), ambas de Pontal do Paraná, e pelo Oficial de Justiça de Curitiba, Marcio (voz e violão). Eles tocaram músicas engajadas, que trazem alguma uma reflexão crítica, foram de Renato Russo à Zé Ramalho, quando tocaram “Pra não dizer que eu não falei das flores” de Geraldo Vandré, todos(as) se levantaram de suas cadeiras e cantaram como um hino à resistência, naquele momento o acampamento tremeu.
 
Depois do show animado, a direção da APP-Sindicato deu alguns informes sobre a organização do acampamento e das próximas mobilizações da greve, principalmente da mobilização de quinta (19) que pretende colocar 100 mil educadores(as) na rua. Enquanto isso, uma tela com datashow foi montada para a exibição do documentário “As Mães da Praça de Maio” de Carlos Pronzato” seguido de um debate sobre “Feminismo e Educação” em que vários movimentos feministas se uniram ao Coletivo Feminista da APP e a Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Elas também organizaram as atividades do Dia 8 de Marco (Dia Internacional da Mulher).
 
A partir de hoje quem vier ao acampamento também poderá apreciar o trabalho de vários fotógrafos da Roda de Fotógrafos de Curitiba, que se organizaram via Facebook, e montaram um varal com imagens dentro do acampamento. Segundo o fotógrafo e idealizador do projeto, Francisco Santos a proposta é a partir da arte fotográfica manifestar apoio à greve dos(as) educadores(as). “A ideia e colorir o acampamento com as nossas fotos, foi uma forma que encontramos para dizer que também estamos juntos”, explica.

E para finalizar o dia, após uma deliciosa janta, organizada por um Colégio de Curitiba, o acampamento foi invadido por um sentido de unidade latina. Os musicos Miguel, Javier e Vinicius, encantaram os(as) manifestantes com a apresentação Música e Prosa Latino-Americana, com canções que marcaram e ainda marcam a luta do povo latinoamericano. Como participação especial, a estudante de veterinária, ex-aluna do CELEM, Lorena cantou e tocou a música peruana “El Condor Pasa” e o professor de música da UFPR, Edwin Pitre cantou duas músicas do Panamá.

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