Dia 28 de junho completamos 51 anos do Orgulho LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, pessoas intersexo e todas identidades e orientações sexuais), uma história de luta e resistência que começou em 1969, mudando com prós e contras a vida dos(as) indivíduos(as) LGBTI+.
O ano de 2020 mais do que nunca é um ano de luta e sobrevivência para a população LGBTI+, onde sua maior parte não foi incluída no Cadastro Único (CAD ÚNICO), com a alta do desemprego, risco de violência doméstica familiar que os(as) adolescentes e jovens LGBTI+ sofrem, em sua maioria ocupando as favelas que nem se quer têm saneamento básico. Essa população está exposta à miséria, humilhação e discriminação fora e dentro do território brasileiro, tornando-as ainda mais vulnerável nesse período pandêmico.
Pesquisas apontam que o lugar que mais mata LGBTIs+ no mundo se identifica apenas por ser o país do futebol e do carnaval. Mas não é o país da aceitação e sim da intolerância, com seus discursos de ódio cada vez mais transparentes. Segundo o Center for Talent Innovation, 61% de funcionários(as) gays e lésbicas decidem por esconderem sua sexualidade de gestores(as) e colegas em razão do medo de perderem o emprego. A referida pesquisa ainda demonstrou outros dados:
- 33% das empresas do Brasil não contratariam para cargos de chefia pessoas LGBT;
- 41% dos funcionários(as) LGBT afirmam terem sofrido algum tipo de discriminação em razão da sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho;
- 90% de travestis se prostituem por não terem conseguido nenhum outro emprego, até mesmo aqueles(as) que têm boas qualificações.
No ambiente escolar, os(as) fundamentalistas mostram desprezar os(as) estudantes LGBTI+, inventando uma expressão chamada “ideologia de gênero”, com uma definição absolutamente incompatível com o que se propõe: o fim da discriminação e a violência contra estudantes LGBT+. Em abril deste ano, o STF, por decisão unânime, enterrou o argumento de que a “ideologia de gênero” seria uma temática imoral para o ambiente escolar.
A APP–Sindicato, orienta os(as) profissionais da educação a trabalhar questões de gênero e sexualidade de forma educativa sobretudo o respeito ao próximo, para proteger os(as) estudantes LGBTI+. Ser LGBTI + é uma luta constante em busca do direito à vida, à saúde e principalmente ao respeito. Diante de tanta calamidade, violência e discurso de ódio, a população LGBTI+ não pode se esconder, mas buscar com muita resiliência o que te pertence.
Dia 28 de junho não é apenas o dia da população LGBTI +, embora seja conhecido popularmente como Dia do Orgulho Gay. As comemorações acontecem em todos os estados do Brasil e no mundo inteiro. Não são apenas gays, lésbicas, travestis e transexuais, intersexos que comparecem nelas. Os eventos contam com a adesão de muitas outras pessoas, de diferentes gêneros, idades e classe social, que percebem que temos uma luta que diz respeito à liberdade de expressão e do direito de ser quem somos.
Por Clau Lopes, Secretário-Executivo da Secretaria dos Direitos LGBTI da APP-Sindicato.