De acordo com o instituto Geledés, no primeiro semestre de 2020, 89 pessoas trans foram assassinadas no Brasil. Indíce 39% maior que em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados colocam o país entre o líder em transfobia no mundo, seguido do México e dos Estados Unidos.
Por isso, hoje 29 de janeiro , é dia de lembrar o ano de 2014, quando 27 travestis, mulheres transexuais e homens trans, participaram, no Congresso Nacional em Brasília do lançamento da Campanha “Travesti e Respeito”, do Departamento de DST, AIDS e Hepatites do Ministério da Saúde. Algo inédito com o objetivo de conscientização e promoção do respeito e da cidadania. De lá para cá, a data é lembrada pela conquista.
Da educação para a vivência diária contra rótulos, a APP-Sindicato tem o compromisso de provocar os debates acerca de todos os temas educacionais e o universo das atividades que podem ser trabalhadas em sala de aula – como o debate imprescindível de gênero e combate às violências nos espaços escolares.
O secretário executivo da Mulher Trabalhadora e Direitos LGBTI+ da APP, o professor Clau Lopes, reforça a importância da comunidade escolar e da família na desmistificação de preconceitos e estigmas criados pela sociedade patriarcal, e que nem sempre conseguem dar o apoio e o ambiente adequados para o desenvolvimento das travestis, mulheres transexuais e homens trans – muitas vezes pela falta de conhecimento sobre o tema. “Cabe à sociedade civil e ao Estado o esforço conjunto para assegurar o direito dessa população que é vítima de várias formas de violência e muitas vezes marginalizada pela sociedade. Por isso, a vida escolar é decisiva à formação e ao desenvolvimento da criança. A escola precisa ocupar este lugar privilegiado na promoção de cidadania de crianças, de adolescentes e jovens. Não se pode ignorar nenhum público. É preciso acolher e garantir o desenvolvimento pleno”.
Clau Lopes destaca, ainda, que os professores e professoras, funcionários e funcionárias, busquem informações para que a temática possa ser trabalhada, lembrando que muitas vezes a falta de conhecimento que gera o preconceito ignora a realidade cruel e violenta vivida pela população trans. “A exclusão promovida pelo desrespeito e violência contra as pessoas trans dos bancos escolares faz com que essa população seja marginalizada e não aceita no mercado de trabalho pela falta de formação. É preciso mais diálogo e ações com toda a comunidade para que a causa seja abraçada na íntegra”, enfatiza o professor.
Que T é esse?
São todos os(as) indivíduos(as) cuja identidade de gênero não corresponde ao seu sexo biológico. De maneira geral, essas pessoas não se identificam com seu sexo biológico. Por isso, têm a necessidade de adotar roupas características do gênero com o qual se identificam, se submetem a terapia com hormônios e realizam procedimentos para a modificação corporal, tais como: a colocação de implantes mamários, a cirurgia plástica facial, a retirada das mamas, a retirada do pomo de Adão, etc. Na maioria das vezes, desejam realizar a cirurgia de redesignação sexual (cirurgia genital). O termo também pode ser usado para todas as identidades não cisgêneras (transexual, travesti, não binário, crossdresser). Editado de: Correio Braziliense
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