Incrustado na sociedade brasileira, o racismo estrutural é o maior vilão da população negra, que sente o peso de séculos de racismo no dia-a-dia. O maior exemplo são as altas taxas de violência sofridas a partir de ações desastrosas da Polícia Militar de estados, que sem devido treinamento, são avatares da opressão racial latente no Brasil.
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Em estudo publicado em 7 de novembro de 2024 pela Rede de Observatórios da Segurança aponta que 4.025 pessoas foram mortas por policiais no Brasil em 2023. Segundo a instituição, em 3.169 desses casos foram disponibilizados os dados de raça e cor: 2.782 das vítimas eram pessoas negras, o que representa 87,8% das vítimas.
Os dados desoladores servem como força motriz para que ações mais enfáticas sejam tomadas nos estados a fim de reduzir esse quadro. Nesta linha, o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado neste dia 21 é mais uma data em que o trabalho para desconstruir o racismo é fundamental.
Nomeado “Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão”, publicado pela Rede de Observatórios da Segurança, e que está em sua quinta edição, identificou que dos nove estados analisados, existe uma taxa muito alta de pessoas negras mortas por intervenção do Estado: Amazonas (92,6%), Bahia (94,6%), Ceará (88,7%), Maranhão (80%), Pará (91,7%), Pernambuco (95,7%), Piauí (74,1%), Rio de Janeiro (86,9%) e São Paulo (66,3%)
O estudo reforçou que a juventude são os principais alvos da polícia, principalmente na faixa etária entre 18 e 29 anos. Ainda mais grave é o dado que indica que, em todos os estados analisados, 243 das vítimas eram crianças e adolescentes de 12 a 17 anos.
Violência policial no Paraná
Já no Paraná, dados do Ministério Público constatam que as ações da Polícia Militar do Paraná (PM-PR) vitimaram mais de 400 pessoas no estado só em 2024. Já no período entre 2019 e 2023, as forças de segurança do estado vitimaram 2.371 pessoas.
Em três casos de maior relevância em 2025 (Kelvin Willian, 16, e Wender Costa, 20, em Londrina, e de Wesley Miranda, morto em Mandirituba no dia 12 de março), a polícia alegou confronto, sem apresentar provas.
A secretária de Promoção de Igualdade Racial e Combate ao Racismo, Celina Wotcoski, aponta que a educação deve tomar notas de como funciona o racismo estrutural e usar da educação para auxiliar a mudar este quadro.
“Nós educadores e educadoras sabemos que a educação tem uma responsabilidade muito grande para que nossas crianças e adolescentes. Precisamos prepará-los nas escolas para fazer da nossa sociedade um espaço antirracista, livre do machismo e da homofobia, lesbofobia, bifobia ou transfobia”, explica Celina.
Mobilização contra a discriminação
Visando construir uma luta antirracista na data, movimentos sociais, sindicatos e a sociedade civíl não organizada vão às ruas nesta sexta-feira (20), para denunciar a violência policial no Paraná. Com o tema “Sem Justiça Não Há Paz!”, a mobilização busca dar visibilidade às execuções cometidas por forças de segurança. A concentração será realizada na praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, às 18h.
A ação coincide com o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, instituido pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 21 de março de 1966, em memória do massacre de Shapeville, em Johanesburg, ocorrido na África do Sul, em 1960.
“Convidamos a todos e todas, principalmente as mulheres negras para que participem deste ato. Essa será a primeira ação de um coletivo de mulheres negras, que se movimentam também para a construção da segunda Marcha das Mulheres negras, que será em Brasília no dia 25 novembro de 2025”, completa a secretária.
