Começou na manhã desta quinta-feira (11), em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, o 14º Congresso Estadual da APP-Sindicato. O encontro é um dos maiores eventos do país sobre educação. Mais de 700 professores(as) e funcionários de escolas de todas as regiões do Paraná participam da programação que vai até sábado (13), no Expotrade Convention Center. Derrotar o projeto “Parceiro da Escola”, proposto pelo governador Ratinho Jr. para privatizar escolas públicas, é uma das pautas que serão debatidas.
:: Receba notícias da APP pelo Whatsapp ou Telegram
Na manhã de hoje, durante a cerimônia de abertura, a presidenta da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto, deu as boas vindas aos(às) participantes e destacou que os debates serão muito importantes para que os(as) educadores(as) entendam a conjuntura global e, assim, possibilitar a organização da luta diária nas bases, em defesa da escola pública.
“Nós precisamos entender os desafios do momento histórico que estamos vivendo. Se não entendermos isso, teremos dificuldades de nos organizarmos para resistir, lutar, enfrentar, ter vitórias. Por isso, nós convidamos dois grandes companheiros que vão contribuir conosco nas mesas de hoje, para a gente compreender essa conjuntura política como está posta, qual é o nosso papel neste período e como está o ataque à educação nos demais países”, disse a dirigente.
O convidado para a conferência de abertura do Congresso, o pesquisador, doutor em Ciências Sociais e professor do departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Juarez Rocha Guimarães, abriu os debates discorrendo sobre o avanço da extrema-direita no mundo e os impactos nas lutas sindicais e de defesa da escola pública, contemplando o tema do Congresso, “Outra educação é possível: democracia, direitos e inclusão social”.
“Esse movimento de vocês é pedagógico, porque tudo que a propaganda neoliberal fez em quatro décadas foi ensinar que o público é corrupto, ineficaz, lugar de malandro, etc, e o privado é a excelência, o futuro. Então há uma dimensão pedagógica que precisamos enfrentar na construção do público. Eu gosto de dizer que tudo que é público é mais meu por ser de todos. Isto é, aquilo que é público, ninguém vai tirar de mim porque é, ao mesmo tempo, de todas as outras pessoas e, por isso, é um lugar fundamental da vida em comum, que é a única possibilidade de sermos felizes, como vocês estão formulando neste congresso”, declarou o palestrante.
Não venda a minha escola
Os debates continuam no período da tarde. A discussão sobre as estratégias neoliberais para obter lucro com o trabalho docente e com os(as) estudantes, a privatização da relação pedagógica, o papel dos sindicatos na defesa do sistema educacional público e do direito à educação, entre outras questões, serão discutidas na palestra com o tema “Reformas permanentes neoliberais e de privatização da educação pública”, que será ministrada pela pesquisadora do Observatório Latino-americano de Política Educativa da Internacional da Educação OLPE-IEAL, a antropóloga Gabriela Bonilla.
Às 18h será realizado o lançamento do “Movimento Não Venda a Minha Escola”. A iniciativa tem o objetivo de engajar a comunidade escolar, lideranças e autoridades para derrotar o projeto Parceiro da Escola. Confira a programação completa no final do texto.
Plano de lutas
Realizado a cada quatro anos, o Congresso Estadual da APP-Sindicato é a segunda maior instância de organização da categoria. A primeira é a Assembleia Estadual. O evento promove uma intensa agenda de análises de conjunturas internacional, nacional, sindical, educacional e estadual, e também formula a tese que orienta as lutas para os próximos quatro anos.
Segundo os integrantes da direção estadual da APP que compõem a comissão organizadora desta edição, durante o encontro, os(as) congressistas vão ainda discutir pautas permanentes para a categoria e também avaliam as políticas e a gestão do sindicato.
“Teremos três dias de muita reflexão, muito debate, muita vontade, de muito orgulho e, como diz a nossa homenageada, Carolina Maria de Jesus, ousadia e teimosia de quem acredita que o mundo há de se modificar”, pontuou a secretária de Assuntos Jurídicos da APP e vice-presidenta da CNTE, Marlei Fernandes.
“Continuamos nesta luta porque nós acreditamos na educação pública. Por isso construímos esse Congresso, que está muito lindo, contando toda a nossa história, mostrando toda essa trajetória que todos nós, homens e mulheres, professores e funcionários, construíram. Mesmo os que estão aqui pela primeira vez, vão se enxergar nessa luta construída nesses 77 anos”, disse a secretária executiva de Saúde e Previdência da APP, Julia Maria Moraes.
“Quero trazer uma saudação a todos, todas, com muita axé, muita energia, a todos e todas que atravessaram o estado, desde as regiões mais quentes, para trazer calor humano para essa terra. Que a luta dos trabalhadores, e particularmente dos trabalhadores e trabalhadoras de educação, seja ressignificada no nosso 14º Congresso, para construir uma outra educação possível”, afirmou o secretário de Geral da APP, Celso José dos Santos.
Vamos precisar de todo mundo
A cerimônia de abertura contou com a presença de diversas autoridades e lideranças, como o deputado estadual Professor Lemos, o presidente da CUT Paraná, Marcio killer, o secretário Geral e representante da CUT na Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA), Rafael Freire, e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo.
“Vamos precisar de todo mundo para arrumar esta casa. De todos os pais, mães e responsáveis pelos nossos estudantes. Vamos precisar de todos os nossos sindicatos, municipais e estaduais, de todas as trabalhadoras e trabalhadores da educação e de toda a classe trabalhadora unida para enfrentar os desafios que estão colocados para nós”, disse Araújo.
Para o presidente da CNTE, o grande desafio do Congresso da APP é elaborar estratégias para convencer a maioria dos(as) educadores(as) de que as propostas da categoria para defender a educação pública são as melhores. Para isso, precisaremos ter uma atuação muito forte dentro dos nossos locais de trabalho.
“Para isso, o plano de lutas que será tirado daqui precisa dialogar com cada pessoa da comunidade escolar para que, juntos, pais, mães, responsáveis, trabalhadores e trabalhadoras da educação, comunidade local, possam ter a força necessária para reverter o que está acontecendo neste estado e no país”, completou.
:: Leia também:
Programação
Dia 11/07 – Quinta-feira
14h30 – Aprovação do Regimento do 14º Congresso Estadual da APP-Sindicato
15h – Mesa Temática: Reformas permanentes neoliberais e de privatização da educação pública. Palestrante: Gabriela Bonilha
18h – Lançamento do MOVIMENTO NÃO VENDA MINHA ESCOLA
Dia 12/07 – Sexta-feira
9h – Mesa de apresentação da Tese:
* Conjuntura Internacional e Nacional (10min)
* Conjuntura Estadual e Educacional (10min)
* Conjuntura Sindical/Greve e Balanço de Gestão (15min)
10h30 – GT Políticas Permanentes/Caderno de emendas
15h – GT Debate da Tese/Caderno de emendas
Dia 13/07 – Sábado
9h30 – Plenária Final
11h – Apresentação Congressinho
12h30 – Encerramento