Hoje (10), o governador Beto Richa completa 100 dias do seu segundo mandato. Talvez não seja um bom momento de comemorar tendo em vista que é um período pequeno para grandes realizações e o mesmo tempo, grande o suficiente para tirar o sossego da população paranaense, principalmente dos(as) trabalhadores(as) do serviço público.
Em seu primeiro mandato não há muitos feitos a serem lembrados, além disso, ficou evidente a falta de estratégia e senso de continuidade. Neste sentido o que lhe sobrou para este segundo mandato foi uma desorganização das finanças estaduais e dívidas, principalmente com o funcionalismo público e pequenos(as) fornecedores(as).
Para consertar a sequência de erros, Beto Richa tomou medidas austeridade, como costuma definir nas poucas entrevistas que cedeu para à imprensa, ou utilizando um termo popular entre os paranaenses, investiu nos “pacotaços”: aumento do ICMS, do IPVA, tentativa de acessar os recursos da previdência dos(as) servidores(as) e por aí vai.
Por conta disso, a resposta popular foi imediata. Greves de várias categorias do serviço público, mobilizações pedindo o seu impeachment e uma campanha fervorosa para mudar a sua imagem de bom moço e expor seu verdadeiro plano de governo neoliberal.
Um dos momentos emblemáticos destes 100 dias foi a greve geral dos(as) educadores(as) que paralisou as escolas estaduais por 29 dias. Movimento esse que motivou a eclosão de outras greves e contribuiu para tornar pública a falta de comprometimento com o discurso de campanha do governador Beto Richa.
Compromissos com a educação – Ontem (09) completou-se um mês do dia em que professores(as) e funcionários(as) de escola suspenderam a maior greve na educação dos últimos 20 anos. Desconfiados(as), decidiram manter-se em estado de greve, ou seja, de olho no cumprimento dos compromissos assumidos.
Retomando a pauta de reivindicação da greve, muitos pontos já foram efetivados, como a retirada dos projetos de lei que suprimia direitos dos(as) servidores(as) públicos(as), o pagamento do fundo rotativo e dos salários e recisões dos(as) professores(as) PSS, o porte de escolas de acordo com dezembro de 2014, a autorização total dos projetos educacionais, a abertura de Ordens de Serviço, o pagamento dos convênios com as Apaes e entidades, reajuste na distribuição de aulas, liberação para mestrado e doutorado e nomeação de todos(as) os(as) concursados(as) aprovados(as), mas ainda não é o bastante.
Alguns pontos importantes para a categoria ainda não foram efetivados ou não estão de acordo com as reivindicações como o 1/3 de férias que foi depositado, mas com descontos. (Saiba mais aqui) e o projeto da Paranáprevidência que será analisado na semana que vem, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ da Assembleia Legislativa do Paraná) que, apesar de ter muitos pontos de concordância com as propostas do funcionalismo público, ainda precisa de debate e emendas que o Fórum das Entidades Sindicais (FES) sugere (saiba mais aqui ).
Das reivindicações ainda não atendidas pelo governo está o retorno PDE no segundo semestre de 2015, as Promoções e Progressões que devem ser implantadas em maio (QFEB) e junho (QMP) e o pagamento dos atrasados seguirá um cronograma acordado com a categoria, reabertura de novas turmas e matrículas para suprir a superlotação das salas de aula e as Licenças Especiais que deveriam ser concedidas em casos comprovados de necessidade por motivo de estudo ou saúde até julho quando tudo voltará ao normal, segundo a Seed.
Apesar de parecer avanços, estes pontos de vitória da categoria fazem parte de uma luta para que alguns direitos – já conquistados – não fossem arbitrariamente retirados dos(as) trabalhadores(as) por conta de uma má gestão do governo estadual e por condições estruturais de atendimentos aos alunos e alunas.
É por isso que os(as) paranaenses e em especial os(as) educadores(as), não têm nada para comemorar neste dia e também não sabem bem o que esperar dos 1.360 dias que faltam para o término da gestão. Mesmo assim o governador tem prometido que o melhor ainda está por vir. Não esperemos para ver.