A unificação das lutas dos(as) trabalhadores(as) do nosso continente APP-Sindicato

A unificação das lutas dos(as) trabalhadores(as) do nosso continente


Foto: APP-Sindicato

Falar da educação pública brasileira e do país é um universo encantador justamente por sua representação, que envolve fatores sociais, econômicos e políticos. Quando um guarda-chuva se abre e abriga diversos temas teóricos e práticos para a sociedade humana, começa um debate intenso.

De Belo Horizonte (MG) a Montevidéu (Uruguai), foram os destinos recentes que contemplaram a educação e o cenário vivenciado nos dias de hoje. O IV Encontro do Movimento Pedagógico Latino-Americano e a Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo contaram com representações inseridas na defesa da educação pública.

Com olhar atento, a professora Janeslei Aparecida Albuquerque, secretária de Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), repassou o conhecimento e pontos abordados durante o Conselho Estadual e a Assembleia Estadual Extraordinária da APP-Sindicato.

APP – Quais os principais pontos abordados durante a Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo, em Montevidéu?

Janeslei Albuquerque – Primeiro aspecto a ressaltar da jornada continental é o que está no próprio nome neste processo de construção da unidade de todas as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do nosso continente. De uma unilateralidade e hegemonia, em que o capitalismo se encontra tanto com o poder acumulado – e que articula o poder econômico das transnacionais e do sistema financeiro. Constrói agenda com governos antinacionais e não comprometidos com os seus povos para que as regras, as leis e toda a institucionalidade estejam a serviço dos direitos e da sobrevivência.

Para dar um exemplo, a Marcha Mundial das Mulheres, que acertadamente diz que tão ou mais importante do que discutir em relação ao capital e trabalho, o que está posto neste estágio do capitalismo é a relação e disputa entre capital e vida. Um arcabouço de ideias, ideologias, construção midiática e imposição de legislações internacionais. A vida no planeta  Terra está sendo mercantilizada como nunca se viu antes nesta extensão e na sua totalidade.

APP – Qual o diagnóstico após os encontros que afeta a educação pública para a classe trabalhadora, educadores(as) e estudantes?

Janeslei Albuquerque – Nós dos movimentos fizemos um chamamento aos trabalhadores e trabalhadoras para o nosso continente para rearticular as alianças que possibilitaram a vitória contra a de Livre Comércio das Américas (ALCA). Mesmo temporária, foi uma vitória importante porque todos esses projetos estavam  em marcha no Brasil e continente até o final de 1990 e, agora, com os golpes, têm sido retomados com muita força.  As instituições que deveriam estar defendendo a democracia e a constituição abriram mão numa cumplicidade com os interesses do capitalismo internacional no processo de destruição da nossa democracia e entrega da nossa soberania – recolonização do nosso Brasil com um governo ilegítimo e com 97% de desaprovação. Diante desse processo sucessivo de golpes, também a retirada de direitos e ataque aos serviços públicos têm sido uma tônica.

É a transformação pelos agentes do capitalismo de que educação, saúde, moradia e alimentação não são direitos. O grau de humanidade que conquistamos num processo civilizatório e que reconhece os direitos básicos de cidadania, para este estágio do capitalismo, são mercadorias e devem estar no mercado para venda para quem possa pagar.

A Emenda Constitucional 95, antiga PEC 241 (PEC da Morte), agora aprovada pelo presidente golpista Michel Temer (PMDB), tem como objetivo congelar por 20 anos toso os investimentos sociais e reserva os recursos prioritariamente para pagar juros da dívida para o sistema financeiro.

Se este é um movimento internacional e o capitalismo é internacional, então, a resistência dos trabalhadores e trabalhadoras também tem que ser. Temos que aprender a nos reunir para nos organizarmos no processo de unificação das lutas no nosso continente – é o sentido da Jornada Continental, que reuniu 23 países em Montevidéu, com uma Marcha memorável e plenárias de debates com quatro eixos centrais: Soberania e Democracia, Transnacionais, Tratados de Livre Comércio e Integração dos Povos.

Ameaça da negação do direito à educação pública. Não é mercadoria para estar à disposição de quem possa pagar e precarizada (esvaziada de conteúdos) para quem não pode pagar.

A falácia chamada “Escola Sem Partido” nada mais é do que o currículo indicado pelo Banco Mundial.

APP – O que no Paraná é reflexo do que acontece fora do Estado e fora do país?

Janeslei Albuquerque – Temos que nos posicionar com muita consciência diante da realidade. Temos que compreender que o governador Beto Richa (PSDB) está fazendo no Paraná uma articulação com o interesse dos mais ricos, que ele representa, casado com uma esposa de família de banqueiros, ou seja, do sistema financeiro. Beto Richa não representa a classe trabalhadora – e está retirando os direitos básicos da população e o recurso público para manter os privilégios do capital, sintonizado aos projetos golpistas nacional e internacional. A maior força social que se opõe a ele é a APP-Sindicato e demais sindicatos de servidores públicos. A nossa luta é justa!

APP – É possível uma mensagem otimista para a educação e para o país?

Janeslei Albuquerque – Otimismo da vontade! Otimismo de que os trabalhadores e do que é justo sempre vencem. Só a organização, a união e a luta coletiva nos fará e dará condições de resistir e sobreviver aos ataques que virão.

Confira a estratégia conjunta de fortalecimento da mobilização popular:

1) A primeira ação proposta é o repúdio à Conferência Ministerial da OMC, que será realizada em Buenos Aires (Argentina), em dezembro de 2017;

2) 8 de março (Dia Internacional da Mulher) e Fórum Mundial Alternativo das Águas, que acontecerá em março, em Brasília;

3) 1º de maio (Dia do Trabalhador);

4) Denunciar a realização da Conferência das Américas, que será realizada em Lima (Peru), em junho;

5) Conferência do G20, que será realizada no segundo semestre, na Argentina;

6) De 19 a 25 de novembro – mobilizações reivindicando os pontos da Declaração de Montevidéu, “como expressão da ação de nossos povos em Defesa da Democracia e Contra o Neoliberalismo”.

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